Procuramos
extirpar a corrupção. Raciocinamos:
Notamos
que todas as coisas pertencem primeiramente ao gênero depois a espécie.
(Aqui
não sei se estou adentrando no mundo de Platão que dividia corpo e alma. Sendo o primeiro de caráter material, mutável
e corruptível. Já a alma, seria a porção divina do Ser, a parte imutável e
perfeita. Ou até mesmo em Aristóteles que observava e pensava a matéria, os fatos, a forma, a causa eficiente
e final.)
Doravante, o Gênero, a Espécie das coisas e as virtudes da alma, darão suporte ao meu tema.
Doravante, o Gênero, a Espécie das coisas e as virtudes da alma, darão suporte ao meu tema.
Então
seguirei expondo abaixo.
Se
a Corrupção estiver no gênero animal, mineral, vegetal..., seria difícil exterminá-la,
uma vez que estaria localizada genericamente nos corpos, ou seja, na própria matéria corporal, tendo esta como característica
geral em ser corruptível, como mais adiante explicarei. Em face disso, com a mesma coisa posso construir
formas boas ou más. Já sofri desse mal quando comprei ferro para construção e
deixei passar o tempo e ele enferrujou, ou seja, o material ferro se corrompeu de modo natural. Sabe-se que
com o mesmo aço/ferro em que formato/fabrico uma panela para cozinhar alimentos, podemos forjar uma espada cruel, agora
de modo artificial, ou seja, pela forma.
Assim,
as coisas podem ser corruptíveis por natureza ou pela forma. Ou ainda, como direi adiante, estar localizada na parte ruim da alma.
O
mesmo acontece no reino vegetal, pois existem plantas cujas substâncias e
formas (as formas dos espinhos) são altamente corruptíveis, inclusive venenosas! Mas nos
melhores vegetais notamos que isoladamente, ou seja, as frutas, as folhas, as raízes e até o
caule, são aprazíveis, porém, em regra a planta no seu todo (caule, raízes, folhas no conjunto) não se presta para
uma boa digestão, pois umas até espinhos possuem, exemplo, um pé de laranjeira!
Nisso
é prudente que estejamos cordatos!
Então,
já provei que algumas coisas contidas nos três gêneros (animal, vegetal e mineral) são boas no todo ou em partes e outras
ruins. E nesse ponto não preciso me alongar.
Alerto
que até aqui falei mais da matéria/substância boa ou ruim.
Mas
se a corrupção estiver na espécie também não há como aniquilar as partes
corruptas, enquanto indivíduos como solução, uma vez que haverá a continuidade da
espécie, reproduzindo novos corpos corruptos que tendem a se perpetuar. Melhor explico, no gênero animal a pessoa humana seja boa ou má pode produzir outros descendentes, e se a corrupção faz parte da espécie humana, não haverá como detê-la, pela sua reprodução. Bem, isso
eu já escrevi no texto “A Vontade, a
Continuidade e a Indestrutibilidade.” E que sempre repito inadvertidamente como
se fosse um dogma criado por mim, e não foi, mas pelos filósofos e pensadores. Portanto, a corrupção no corpo torna-se insuperável, mas então deve ser tratada como um mal localizado na alma.
Reforço ainda que também já falei sobre a Preguiça onde transcrevi os dilemas da alma, dizendo que Platão dividiu a alma do homem numa parte melhor e outra
pior. Disse que muitos pensam em sempre ser “senhor de si”, porém podem se
constituírem em “escravo de si.”
“Mas esta
expressão parece-me significar que na alma do homem há como que uma parte
melhor e outra pior; quando a melhor por natureza domina a pior, chama-se isso
“senhor de si”, o que é um elogio, sem dúvida; porém, quando devido a uma má
educação ou companhia, a parte melhor, sendo menor, é dominada pela
superabundância da pior, a tal expressão censura o fato como coisa vergonhosa,
e chama ao homem que se encontra nessa situação escravo de si mesmo e libertino.”(Platão,
pag 125).
Assim, a corrupção no corpo não pode ser combatida, mas
enquanto na alma, para evitar a corrupção, tenho que exercitar a parte boa, tal
como exercito meus músculos, facilitando
os movimentos e combatendo o sedentarismo. Ao exercitar a parte melhor da alma
é que diminuo a parte ruim, onde se localiza o núcleo corruptível.
Portanto, não posso combater a matéria ou o Ser corrupto enquanto
corpo ou composição, seja no gênero ou na espécie, pois ela pode se reproduzir e eternizar,
sendo imperecível, senão afugentar ou ofuscar a parte ruim da alma.
Esse combate não cessa nunca, pois vai da tenra idade até na
velhice, mas começa na família e na escola. É praticada no cotidiano através da
ética e moral, na boa religião, nas práticas comunitárias e em inúmeros outros
meios de exercitar o bem.
Concluo
que estando a corrupção fixada no gênero, não há como extirpar nesta amplitude. Se estiver na
espécie, ela se perpetuará no eterno nascer e perecer, pois eu mesmo, enquanto matéria/substância sensível, carrego uma parte pior por natureza!
Somente
restará exercitar a parte melhor da alma do Ser, como advertiu Platão, para
superar a superabundância da pior, procurando rotineiramente inculcar virtudes nas
pessoas.
Milton
Luiz Gazaniga de Oliveira
Nesse tema minha preocupação foi em demonstrar onde se localiza a corrupção. E me auto-esclareceu, pois surpreendentemente eu mesmo devo cuidar para não me tornar também corrupto! Reforçou a tese da educação nacional formadora de cidadãos patriotas e solidários, cívico, moral e eticamente. Portanto, o padrão escolar deve tomar rumos imediatos, sob pena de a alma brasileira afundar.
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