Os
Sentidos merecem repouso! Mas meus pensamentos não?!
Lembrando
Voltaire[i]: “Os instrumentos que a natureza nos deu não
podem ser sempre causas finais em movimento, que tenham efeito infalível. Os
olhos, dados para ver, não estão sempre abertos; cada sentido tem seus momentos
de repouso.”
Concordo,
mas também meus pensamentos deveriam ter férias, pois estão além dos sentidos, e
não param de me importunar, mesmo quando em férias!
Então,
sairei da rotina, me isolarei numa caverna, estarei no Alasca, na Sibéria, no
pólo sul, no deserto, longe dos problemas!
Nada
disso..., a conexão é inevitável e o campo do pensamento atinge severamente tudo em
mim. As idéias, os arquétipos e a razão, esta enquanto faculdade dos princípios, e moram dentro da mente. Uma forma em que
visualizo a matéria, libertando categorias, exigindo até o seu uso
transcendental, que seja aplicada fora do campo dos fenômenos. Então para
alguns as férias não existe, pois até o amor não tira férias, já que está
misturado na alma e nos sentidos.
Então deixarei tudo fluir nas férias, tal como Heráclito,
não havendo individualização ou determinação das coisas.
Bem, somente após meu retorno das férias é que voltarei ao mundo sensível
e perceptível das definições e das formas, como conceituado em Aristóteles ainda que não
permanentes, mas de mudanças entre a potência ao ato, rumo a uma possível perfeição; Ou em Platão
que separou o mundo das formas, o inteligível do mundo sensível material. Então,
deixarei de lado esta velha discussão entre mutabilidade versus imutabilidade das coisas ou de tudo.
Registro que nem acredito no imobilismo Parmenidiano,
pois se assim acreditasse, no meu retorno ao trabalho tudo estaria como antes,
até os prazos suspensos sem qualquer continuidade, num imobilismo das coisas, até o vaso de flor estaria
com os mesmos botões e meu emprego garantido.
Já sei, farei das férias um momento de fluir e
levarei apenas coisas boas e agradáveis (frutas e chocolates!) para fluir na
mente. É apenas nesse momento que posso adotar a teoria de Heráclito, afirmando que tudo é um fluxo, uma mudança que flui sem forma definida.
Nada mais será permanente em minhas férias! Então
assim será minhas férias, um mundo onde tudo flui de mim!
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira.
Ops, Vazo não, "vaso" de flor! esse corretor não percebeu!!Kkkk
ResponderExcluirParece simples dizer isso! No entanto, imagino ser a melhor reflexão que se enquadra ao descanso de férias, a filosofia do fluído de Heráclito. O dinâmico, pois “em pouco tempo elas se dissolvem”. “não havendo individualização ou determinação das coisas.” Um contraponto à filosofia Parmenidiana do imobilismo.
ResponderExcluirVejamos, a água tende a correr naturalmente para baixo. Em contraposição, o fogo para cima. Nada permanece. Não tendo forma, pois, fluída, líquida, ou seja, adaptação... Portanto, o momento das férias deve ser assim mesmo: fluente, sem forma, como o fogo ou a água, limpando as aflições. Somos e não somos; descemos e não descemos, evaporamos, adquirimos e contornamos formas no decorrer do curso...