Alguns filósofos defenderam a forma simples da
alma! Pois, sob a dedução de que ela não é uma composição enquanto
substância/matéria. Portanto, seria estabelecida por um elemento simples,
porém, desconhecido. Bem, antes disso precisamos definir o que seja composto. A
água é um composto de hidrogênio e oxigênio. Do mesmo modo, a Instituição
filosófica é composta de homens livres e de bons costumes, sem distinção de
raça, religião, nem ideário político ou posição social excludente. Contudo, de
seus integrantes se exige que acreditem num princípio criador, que tenha boa
índole, respeite a família, possua um espírito filantrópico e o firme propósito
de ir em busca da perfeição, aniquilando seus vícios e trabalhando na constante
evolução de suas virtudes. No mundo do Ser nos deparamos com inúmeras
composições, até das instituições, como exemplo, a justiça é composta pelo
Juiz, Procurador, Advogado e Promotor com simetria de função/relevância, cuja
subtração de um deles deixará de ser justiça, mas qualquer outra coisa
arbitrária. Portanto, a composição evita a autarquização/especialização da
função e até o despotismo nos casos do poder político, como disse em outros
textos. Notamos que em regra a autarquização da função especializa e restringe
o elemento, ou seja, não estende a sua atuação, dando utilidade pura ou
restrita ao seu potencial. Assim sendo, um elemento químico ou um homem livre e
de bons costumes fora da família, trabalho, sociedade e nação não consegue
ampliar sua função, senão unidos pelos fins. Então, o elemento oxigênio na sua
função simples/pura inegavelmente prestará relevantes funções, tal como na
corrente sanguínea, na fotossíntese, porém, na sua forma composta elabora
substâncias, como a água e muitas outras, ampliando ao infinito a sua significância.
O ouro no seu estado puro é encantador, contudo se tornará fraco para elaborar
uma jóia resistente, necessitando de composição. A alma enquanto elemento
simples teria uma função especializada, isto é, a de transpor o mundo material,
rumo ao absoluto! Uns dizem que a pessoa é composta de corpo e alma, e outros
afirmam que apenas o humano possui alma, mas daí eu estaria adentrando
essencialmente na teologia e não na composição! No entanto poderia ir um pouco
mais, isto é, se corpo e alma formam uma composição, então a vida enquanto
substância tem pleno significado, pois a alma seria a autêntica imagem deste
corpo, uma vez que este com o transcorrer de determinado tempo desapareceria,
permanecendo apenas o elemento simples, a alma, que cumpriria seu fim, ante o
absoluto.
Eu disse absoluto?!
O Absoluto – Nesse caso o absoluto seria a
origem da vida, o Criador do humano, de onde viemos.
Como encontrar? Explico ao meu modo! Imaginamos
que eu tenha um único método de pesquisa, o empírico - como encontraria o absoluto?!
Primeiramente, eu enquanto corpo pensaria o tempo e espaço como bases da
pesquisa. Quanto ao futuro, nada de empírico poderia me levar ao absoluto, uma
vez que as coisas estão presentes e apenas pertenceram ao passado e, no futuro
nada posso afirmar que existirá uma transformação, alteração ou permanência.
Então minha pesquisa empírica se voltaria ao passado, procurando a existência
do absoluto. Essa tarefa procura imitar como fazem os arqueólogos, geólogos,
paleontólogos, historiadores, sociólogos... Contudo, como venho insistentemente
falando sobre a causa, permanência..., e que todos ou muitos já viram esse
raciocínio ou sofisma, não sei...!
Para não tornar enfadonho poderia, com base no
método empírico, efetuar uma regressão na evolução da matéria, mas como não
possuo instrumentos científicos sob disposição farei minha própria regressão em
forma de ascensão objetivando chegar a origem, ou seja, a última causa. Em
outras palavras, faria aquilo que disse anteriormente, a conexão das causas
condicionadas, elevando-se à “causalidade incondicionada – que antes chamei de
liberdade, mas aqui neste contexto, denomino de absoluto”. Poderia fazer isso
com outro animal desde que a vida dele fosse de uma maior longevidade que a
vida do humano e ganharia tempo nessa cadeia regressiva, porém, o total socorro
à arqueologia, geologia, paleontologia..., seria inevitável. Por isso, torna-se
mais prático efetuar essa pesquisa empírica, buscando a cadeia de ascendência
humana. De mais prático ainda será pesquisar a minha própria ascensão. Ocorre
que ai eu estaria pesquisando parte da totalidade "absoluto"! Então
minha regressão estará perdida! Senão apenas a salvação no modo intuitivo, pois
desprezaria indevidamente o pensamento analítico e sintético. Bem, mas que se
dane, e prefiro a intuição! O que me interessa mesmo é delimitar um transcurso
de tempo, no qual já me decidi pelo passado, assim como o aspecto espacial no
âmbito da terra!
Portanto, agora bem delimitado prossegui na
pesquisa, procurando seguir minha árvore genealógica trazendo as conexões
familiares entre indivíduos, seus nomes, datas e lugares de nascimento,
casamentos, fotos, fatos e falecimentos. No entanto, chegou num ponto em que a
pesquisa esteve delimitada na origem de determinados povos e territórios por
onde meus ancestrais percorreram. Esta última fase se realizou com bases
históricas e sociológicas, mas não perdi a conexão. Nessas conexões, consegui
avançar (ou regredir) aos tempos remotos. Antes de findar, conto a todos minha
linha ancestral, pois teve um percurso fabuloso, atravessando períodos de
encanto, outros de profundas incertezas, momento em que a conexão quase foi
quebrada, e certamente se isso ocorresse, eu não estaria aqui. Todavia,
seguindo os escritos, desses ancestrais continuo a contar essa trajetória.
Prevendo tempos difíceis, meus ancestrais tinham inúmeros filhos, para que no
infortúnio de uns, outros dessem prosseguimento à teia da vida. Nenhum dos meus
antepassados se tornou rei, apesar de alguns terem ocupados lugares de destaques
e outras vezes mergulharam em profunda ignorância e opressão, mas se elevaram
num determinado território e tempo. Conviveram com Noé, momento em que poucos
conseguiram adentrar na arca, mas esse sujeito foi generoso, pois diversificou
em seu recinto todas as espécies possíveis, inclusive de humanos, como o meu
povo ancestral com as mais diversas habilidades.
Mas cadê o absoluto! Bem, prossigo minhas
conexões até chegaram ao tempo dos filhos de Eva...
Então... Cheguei à minha origem, a última
conexão, descendente de Adão e Eva. Após isso, restou apenas a desconexão, o
incondicionado, ou alguns dizem ser o "absoluto", ou seja, como Adão
foi criado?! Uns relatavam que, segundo Adão, primeiro nada existia, senão o
vácuo..., mas afirma que no começo teve o intenso aparecimento de substâncias
simples, e que uma luz inteligente em forma de raio gama criou a primeira
substância (a sopa primordial, que na verdade originou o Paraíso, onde tudo era
abundante..., um banquete!) que logo em seguida com a interveniência dessa luz,
esse lodo/barro se compôs de genes ou, na linguagem dos geneticistas de
moléculas de informações genética. Essa mesma luz deu o formato ao homem e mais
tarde, com a sobra criou-se a mulher (que sacanagem..., provocação!),
paradoxalmente e por sua vez, como a substância já estava mais madura, assim
como ocorrerem nas demais composições cujas moléculas têm tempo mínimo à
interação, as mulheres passaram a se tornar biologicamente capazes antes dos
homens, apesar da mesma idade.
Afirmo (pra mim mesmo) que o absoluto no plano
substancial nunca será encontrado, senão apenas narrado, uma vez que consegui
chegar até o condicionado das conexões materiais da minha cadeia genealógica
(filhos de Eva). No entanto, possivelmente no plano das ideias, da alma, o
'absoluto' será localizado.
Vejamos.
Portanto, como estabeleci no mundo substancial,
é difícil dizer sobre o futuro, pois o condicionado das conexões é mais visível
na cadeia regressiva empírica ao passado, sendo atualmente impossível dispor
substancialmente para o futuro.
Então o apego se restringe ao mundo das idéias,
penso então que seria mais prudente, pois estaríamos trabalhando com o
incondicionado – as idéias. E proponho abaixo.
Ora, o incondicionado (designado como aquilo que
não possui uma conexão concreta) também tem a virtude de regredir na cadeia das
idéias, indo até a longevidade do passado
encontrando a “Idéia Pura: que aqui posso chamar de Absoluto ou Deus”. O que
não se consegue no mundo substancial.
Portanto, se fizéssemos uma regressão de idéias,
seja ela da criação do homem e do Estado, de hoje até o tempo remoto,
iniciaríamos com o homem atual inserido no estado preocupado com as políticas
públicas, passaríamos pelas formas antigas do estado voltado à segurança
(gendarme) e chegaríamos às idéias dos homens das antigas tribos e suas
primeiras idéias de produzir instrumentos para trabalhar, caçar, pescar,
plantar..., até chegarmos finalmente na “idéia pura”, ou seja, na primeira
idéia da criação de Adão, como “a primeira causa”. Então “eu diria que a
primeira causa não foi substancial, pois Adão não teve pai e mãe de carne e
osso, mas foi uma criação da Idéia-Pura”.
Destarte, lancei aqui a vantagem do mundo das
idéais sobre o mundo substancial. Aduzo então que o mundo do futuro deverá ser
formado de “idéias” e somente desta forma o humano será capaz de ser melhor,
pois quem praticar seus atos tendo como causas as idéias, por sua vez produzirá
as melhores substâncias, pois assim o criador também agiu.
Disso conclui que sou condicionado em relação
ao absoluto, já que minha conexão teve origem em Adão e Eva, não indo além
deles. Contudo, no plano da alma é possível estar no incondicionado, diante do
absoluto.
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira (simples
reflexões)