domingo, 31 de janeiro de 2016

O Método Indutivo, a Dialética e as Minorias

Dizem adotar uma postura do pensamento (supostamente) de acordo com a realidade e  oposta ao idealismo. Contudo, em nome de certas pessoas e determinados grupos, malfeitores ideológicos se utilizam de argumentos para se apoderar da Política e do Estado. Rotulam determinados argumentos de dialética, no entanto, adotam a prática sofista, uma vez que na verdade se utilizam do método meramente indutivo aristotélico enumerativo ao dividir o todo em partes, partindo destas. O método indutivo que estou falando é aquele em que o resultado deriva indo da parte em direção ao todo, do menor ao maior. (Através desse método indutivo, o processo de conhecimento passa de um caso particular para uma conclusão universal.). Procuram dividir a nação em partes, desconsiderando a existência de vínculos nacionais, povo, território, língua, geopolítica e reconhecimento internacional e demais laços e traços da soberania nacional. E quando tal indução disfarçada de dialética vai para práxis, ainda que na forma eliminativa, os experimentos falham e para isso devem criar novos ídolos, ao invés de eliminar o culto a eles. Dizem Substituir antigos paradigmas da soberania acima citada, desconstruindo, adotando um discurso que toma por definição de validade e suposta legitimidade apenas as minorias que compõe o todo. Dividem a nação escolhendo uma retórica de contestação do direito regrado, considerando ele como a mazela, sem esclarecer que o direito é apenas uma parte da teoria ou pilar que sustenta o Estado. Nessa linha pedagógica, peticionam (pedem)  requerendo o comando “dar à cada um o que é seu” cuja  fundamentação inicia da falsa premissa aludindo haver  “negação ao que por direito lhe pertence.” Advogam a pura e simples concessão de direitos, mas que em determinado tempo resultará em nova miséria por esgotamento real do produto distribuído pelo Estado. Ocorre que hodiernamente a estrutura do estado deixou de ser tradicional, não se fazendo o bem estar apenas com a política, mas fundamentalmente com a economia e ideologias, estas enquanto centros de tecnologias e saberes e não de fanatismos e adestramentos. Contudo, torna aprazível para a parte mais frágil o simples e leigo engajamento político/ideológico nesta nova ordem de suposta inclusão. Entre os sexos escolhem opções sexuais diversa das tradicionais, e a inegável violência contra a mulher, com um discurso dito do gênero, mas que serve apenas para dividir os sexos. Cooptam os miseráveis, os menores em relação aos maiores; os velhos em relação aos jovens; os que defendem os animais em relação aos indiferentes ou não, e investem em novos discursos aos inúmeros outros humanos vulneráveis, ao sofismarem a culpa da sociedade estabelecida pelos capitalistas. E todos os dias inovam modalidades, buscando localizar mais grupos de pessoas supostamente excluídas, pois sabemos que, "sem exceção, psicologicamente, temos parte de nós mesmos vulneráveis em determinados quesitos".
Mas o que é isso senão mero método indutivo de chegar da parte ao todo (ou manter-se no Poder)?! Do menor ao maior, ou seja, da parte vulnerável ao todo que mais tarde também se tornará vulnerável como nos países totalitários pela escassez dos bens que sustentam direitos. E assim, se utilizam do psicológico (as partes) para dominar o todo "social"(sociológico) para no futuro dominar em nome de supostos intelectuais orgânicos, estes enquanto repetidores de uma ideologia unívoca. Mas negam essa instância psicológica em que se apegam, afirmando serem pluralistas pela dialética! (Será que estou errado?!).

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Sobre a Deliberação – a Escolha dos Meios

Não deliberamos sobre os fins, mas sobre os meios. No máximo a deliberação diz respeito sobre as coisas em geral, e que acontecem de certo modo, mas cujo desfecho pode até ser obscuro. Um médico não delibera sobre se deve ou não curar, pois a cura é a finalidade e não apenas o conforto da alma do doente; Nem o Estadista deve deliberar sobre se deve ou não assegurar a ordem pública, já que a finalidade está estabelecida e procuram saber a maneira (o meio) de alcançá-la. 

Um Procurador detém a homeostasia jurídica entre o povo e a lei, no âmbito do direito público, mas não delibera sobre o interesse particular da parte num processo. Entretanto, deve ter autonomia em cuidar e enquadrar, no sentido de fazer a melhor escolha da situação (os meios), buscando o bom resultado ao bem já deliberado na Constituição, ou seja, o que as coisas tendem. Aristóteles: “De fato, o fim não pode ser objeto de deliberação, mas apenas o meio;”. 

A escolha requer um princípio racional e da boa formação do pensamento para prosseguir nos meios. Portanto, a escolha deliberada encontra-se no âmbito da autonomia/emancipação. É possível errar de várias maneiras, pois o mal pertence a classe ilimitado dos erros, já o bem ao limitado e escasso mundo dos acertos, por isso só é possível acertar de poucas maneiras. Sendo assim a escolha certa deve ser feita com sabedoria.

Márcia e Maria, duas irmãs, escolheram os seus maridos para se casar. Eles eram considerados pelos padrões de beleza da moda como feios. Contudo, Maria escolheu com mais sabedoria, uma vez que no primeiro momento o seu marido era o mais feio entre os dois, pois lhe faltava exercícios e cuidados ao corpo. Já Márcia ao fazer a escolha apressada, não fez uma boa escolha, pois o seu marido, apesar das aparências plásticas inicialmente favoráveis, era considerado feio por natureza. Todavia, a vantagem que Márcia possui está em que ninguém pode censurar os feios por natureza (o seu marido), mas é justo censurar os feios por falta de exercícios e de cuidados ao corpo! 

Concluo que ninguém delibera sobre as coisas eternas, como sobre o universo material, sobre os solstícios, a natureza... que já é um fim em si mesmo. No entanto, nos cabe a escolha mais acertada, “qual o melhor horário de aproveitar o sol!” 

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

sábado, 30 de janeiro de 2016

A Alma: a composição, o condicionado, o incondicionado e o absoluto.

Alguns filósofos defenderam a forma simples da alma! Pois, sob a dedução de que ela não é uma composição enquanto substância/matéria. Portanto, seria estabelecida por um elemento simples, porém, desconhecido. Bem, antes disso precisamos definir o que seja composto. A água é um composto de hidrogênio e oxigênio. Do mesmo modo, a Instituição filosófica é composta de homens livres e de bons costumes, sem distinção de raça, religião, nem ideário político ou posição social excludente. Contudo, de seus integrantes se exige que acreditem num princípio criador, que tenha boa índole, respeite a família, possua um espírito filantrópico e o firme propósito de ir em busca da perfeição, aniquilando seus vícios e trabalhando na constante evolução de suas virtudes. No mundo do Ser nos deparamos com inúmeras composições, até das instituições, como exemplo, a justiça é composta pelo Juiz, Procurador, Advogado e Promotor com simetria de função/relevância, cuja subtração de um deles deixará de ser justiça, mas qualquer outra coisa arbitrária. Portanto, a composição evita a autarquização/especialização da função e até o despotismo nos casos do poder político, como disse em outros textos. Notamos que em regra a autarquização da função especializa e restringe o elemento, ou seja, não estende a sua atuação, dando utilidade pura ou restrita ao seu potencial. Assim sendo, um elemento químico ou um homem livre e de bons costumes fora da família, trabalho, sociedade e nação não consegue ampliar sua função, senão unidos pelos fins. Então, o elemento oxigênio na sua função simples/pura inegavelmente prestará relevantes funções, tal como na corrente sanguínea, na fotossíntese, porém, na sua forma composta elabora substâncias, como a água e muitas outras, ampliando ao infinito a sua significância. O ouro no seu estado puro é encantador, contudo se tornará fraco para elaborar uma jóia resistente, necessitando de composição. A alma enquanto elemento simples teria uma função especializada, isto é, a de transpor o mundo material, rumo ao absoluto! Uns dizem que a pessoa é composta de corpo e alma, e outros afirmam que apenas o humano possui alma, mas daí eu estaria adentrando essencialmente na teologia e não na composição! No entanto poderia ir um pouco mais, isto é, se corpo e alma formam uma composição, então a vida enquanto substância tem pleno significado, pois a alma seria a autêntica imagem deste corpo, uma vez que este com o transcorrer de determinado tempo desapareceria, permanecendo apenas o elemento simples, a alma, que cumpriria seu fim, ante o absoluto.
Eu disse absoluto?!
O Absoluto – Nesse caso o absoluto seria a origem da vida, o Criador do humano, de onde viemos.
Como encontrar? Explico ao meu modo! Imaginamos que eu tenha um único método de pesquisa, o empírico - como encontraria o absoluto?! Primeiramente, eu enquanto corpo pensaria o tempo e espaço como bases da pesquisa. Quanto ao futuro, nada de empírico poderia me levar ao absoluto, uma vez que as coisas estão presentes e apenas pertenceram ao passado e, no futuro nada posso afirmar que existirá uma transformação, alteração ou permanência. Então minha pesquisa empírica se voltaria ao passado, procurando a existência do absoluto. Essa tarefa procura imitar como fazem os arqueólogos, geólogos, paleontólogos, historiadores, sociólogos... Contudo, como venho insistentemente falando sobre a causa, permanência..., e que todos ou muitos já viram esse raciocínio ou sofisma, não sei...! 
Para não tornar enfadonho poderia, com base no método empírico, efetuar uma regressão na evolução da matéria, mas como não possuo instrumentos científicos sob disposição farei minha própria regressão em forma de ascensão objetivando chegar a origem, ou seja, a última causa. Em outras palavras, faria aquilo que disse anteriormente, a conexão das causas condicionadas, elevando-se à “causalidade incondicionada – que antes chamei de liberdade, mas aqui neste contexto, denomino de absoluto”. Poderia fazer isso com outro animal desde que a vida dele fosse de uma maior longevidade que a vida do humano e ganharia tempo nessa cadeia regressiva, porém, o total socorro à arqueologia, geologia, paleontologia..., seria inevitável. Por isso, torna-se mais prático efetuar essa pesquisa empírica, buscando a cadeia de ascendência humana. De mais prático ainda será pesquisar a minha própria ascensão. Ocorre que ai eu estaria pesquisando parte da totalidade "absoluto"! Então minha regressão estará perdida! Senão apenas a salvação no modo intuitivo, pois desprezaria indevidamente o pensamento analítico e sintético. Bem, mas que se dane, e prefiro a intuição! O que me interessa mesmo é delimitar um transcurso de tempo, no qual já me decidi pelo passado, assim como o aspecto espacial no âmbito da terra!
Portanto, agora bem delimitado prossegui na pesquisa, procurando seguir minha árvore genealógica trazendo as conexões familiares entre indivíduos, seus nomes, datas e lugares de nascimento, casamentos, fotos, fatos e falecimentos. No entanto, chegou num ponto em que a pesquisa esteve delimitada na origem de determinados povos e territórios por onde meus ancestrais percorreram. Esta última fase se realizou com bases históricas e sociológicas, mas não perdi a conexão. Nessas conexões, consegui avançar (ou regredir) aos tempos remotos. Antes de findar, conto a todos minha linha ancestral, pois teve um percurso fabuloso, atravessando períodos de encanto, outros de profundas incertezas, momento em que a conexão quase foi quebrada, e certamente se isso ocorresse, eu não estaria aqui. Todavia, seguindo os escritos, desses ancestrais continuo a contar essa trajetória. Prevendo tempos difíceis, meus ancestrais tinham inúmeros filhos, para que no infortúnio de uns, outros dessem prosseguimento à teia da vida. Nenhum dos meus antepassados se tornou rei, apesar de alguns terem ocupados lugares de destaques e outras vezes mergulharam em profunda ignorância e opressão, mas se elevaram num determinado território e tempo. Conviveram com Noé, momento em que poucos conseguiram adentrar na arca, mas esse sujeito foi generoso, pois diversificou em seu recinto todas as espécies possíveis, inclusive de humanos, como o meu povo ancestral com as mais diversas habilidades. 
Mas cadê o absoluto! Bem, prossigo minhas conexões até chegaram ao tempo dos filhos de Eva...
Então... Cheguei à minha origem, a última conexão, descendente de Adão e Eva. Após isso, restou apenas a desconexão, o incondicionado, ou alguns dizem ser o "absoluto", ou seja, como Adão foi criado?! Uns relatavam que, segundo Adão, primeiro nada existia, senão o vácuo..., mas afirma que no começo teve o intenso aparecimento de substâncias simples, e que uma luz inteligente em forma de raio gama criou a primeira substância (a sopa primordial, que na verdade originou o Paraíso, onde tudo era abundante..., um banquete!) que logo em seguida com a interveniência dessa luz, esse lodo/barro se compôs de genes ou, na linguagem dos geneticistas de moléculas de informações genética. Essa mesma luz deu o formato ao homem e mais tarde, com a sobra criou-se a mulher (que sacanagem..., provocação!), paradoxalmente e por sua vez, como a substância já estava mais madura, assim como ocorrerem nas demais composições cujas moléculas têm tempo mínimo à interação, as mulheres passaram a se tornar biologicamente capazes antes dos homens, apesar da mesma idade.
Afirmo (pra mim mesmo) que o absoluto no plano substancial nunca será encontrado, senão apenas narrado, uma vez que consegui chegar até o condicionado das conexões materiais da minha cadeia genealógica (filhos de Eva). No entanto, possivelmente no plano das ideias, da alma, o 'absoluto' será localizado.
Vejamos.
Portanto, como estabeleci no mundo substancial, é difícil dizer sobre o futuro, pois o condicionado das conexões é mais visível na cadeia regressiva empírica ao passado, sendo atualmente impossível dispor substancialmente para o futuro.
Então o apego se restringe ao mundo das idéias, penso então que seria mais prudente, pois estaríamos trabalhando com o incondicionado – as idéias. E proponho abaixo.
Ora, o incondicionado (designado como aquilo que não possui uma conexão concreta) também tem a virtude de regredir na cadeia das
idéias, indo até a longevidade do passado encontrando a “Idéia Pura: que aqui posso chamar de Absoluto ou Deus”. O que não se consegue no mundo substancial. 
Portanto, se fizéssemos uma regressão de idéias, seja ela da criação do homem e do Estado, de hoje até o tempo remoto, iniciaríamos com o homem atual inserido no estado preocupado com as políticas públicas, passaríamos pelas formas antigas do estado voltado à segurança (gendarme) e chegaríamos às idéias dos homens das antigas tribos e suas primeiras idéias de produzir instrumentos para trabalhar, caçar, pescar, plantar..., até chegarmos finalmente na “idéia pura”, ou seja, na primeira idéia da criação de Adão, como “a primeira causa”. Então “eu diria que a primeira causa não foi substancial, pois Adão não teve pai e mãe de carne e osso, mas foi uma criação da Idéia-Pura”. 
Destarte, lancei aqui a vantagem do mundo das idéais sobre o mundo substancial. Aduzo então que o mundo do futuro deverá ser formado de “idéias” e somente desta forma o humano será capaz de ser melhor, pois quem praticar seus atos tendo como causas as idéias, por sua vez produzirá as melhores substâncias, pois assim o criador também agiu.
Disso conclui que sou condicionado em relação ao absoluto, já que minha conexão teve origem em Adão e Eva, não indo além deles. Contudo, no plano da alma é possível estar no incondicionado, diante do absoluto. 

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira (simples reflexões)

Como pensa o Democrata? Difere do autocrata, teocrata, aristocrata, totalista/ditador (III) O Incondicionado.

No âmbito da causalidade, as idéias são as causas originais das coisas, como causas eficientes. (observo que tal pensamento no plano ideal difere e é criticado pelo materialismo).
Desde já, alerto que as idéias não podem ficar apenas neste plano, sob pena de tão somente orbitar na mente de um pensador ocioso. Se esse suposto pensador ocioso possuir inclinações teocráticas, certamente fará com que os arquétipos fiquem a serviço do Ser Supremo, diante da crença de que somente Deus teria essas idéias inatas ou arquétipos da criação! Ao homem bastará seguir tudo o que foi estabelecido, sendo regido direto pela providência divina ou indiretamente por um representante sacro, pois a crença e a convicção nele são imutáveis e afeto a permanência, cuja causa e efeitos está condicionada no Ser Supremo imanente, dono do produto pronto e acabado na terra e no céu, tanto na sociedade civil como na religião, não havendo estado laico, mas a providencia divina, e nada mais haveria de incondicionado a buscar. Exemplos podem ser dados – como que “as cláusulas pétreas de uma constituição permanecesse eterna” ainda que a nação sucumbisse na pobreza, fome, crime, corrupção, disfunções de poderes..., e jamais “o rei - o poder” seria posto em xeque/perigo... Pode-se dar também outro exemplo: Se um assassino perseguisse meu amigo e este adentrasse em minha casa, escondendo-se, para livrá-lo desse evento eu deveria mentir ao assassino, dizendo que não estava em minha casa. No entanto, o dever de dizer a verdade para os perfis imanentes seria inafastável e o amigo estaria perdido, pois contaria o esconderijo ao assassino! Contudo para quem compreende a finalidade pensa que o bem é aquilo que as coisas tendem, mas entre os fins observa-se certa diversidade, pois alguns são atividades, outros são produtos distintos das atividades das quais resultam. 
Noutras atividades, como nas carreiras jurídicas, certos perfis pensam na imutabilidade dos produtos, cujas atividades devem se moldar a esse dom permanente, inclusive nos atributos. Mas esquecem que os corpos são compostos (até os tribunais devem ser compostos) e que, como é próprio da democracia, todo o composto é mutável e se os corpos são feitos de compostos, logo todos os corpos são mutáveis, ainda que essa conclusão se derive de uma série de raciocínios ou pró-silogismos, e que essa série ascendente de raciocínios, como objetivo da razão, é elevar-se da síntese condicionada a qual o entendimento permanece sempre ligado, como não deveria deixar de ser, para a síntese incondicionada que nunca se pode alcançar, pois sempre terá algo a mais a se buscar.
Digo também, para afirmar que aquele que fizer uso “apenas” dos conceitos do entendimento que servem para entender (as percepções), não fará o uso dos conceitos racionais que servem para compreender. 
Mas vejamos o âmbito das idéias e também o das coisas ou dos fatos. Em contraposição a Platão ou adotando a postura substancial, ou ainda mais ao campo do empirismo, Aristóteles dizia que “O fato é o princípio, ou ponto de partida, e se ele for suficientemente claro para o ouvinte, não haverá necessidade de explicar por que é assim; o homem que for bem educado já conhece esses princípios ou pode vir a conhecê-los com facilidade. Quanto ao que nem os conhece nem é capaz de conhecê-los, que ouça as palavras de Hesíodo:
“Ótimo é aquele que de si mesmo conhece todas as coisas; Bom, o que escuta os conselhos dos homens judiciosos. Mas o que por si não pensa, nem acolhe a sabedoria alheia, Esse é, em verdade, um homem inteiramente inútil.”

Dando seguimento, o uso transcendental da razão pura, os seus princípios e suas idéias é que darão respostas a influência e validade da razão pura.
A intuição se refere imediatamente ao objeto e é singular. Já o conceito pode ser empírico ou puro. Diz-se conceito puro quando tem origem no entendimento e não numa imagem pura da sensibilidade, podendo ser chamado de noção, ou conceito do entendimento.
Pois vimos que - há princípios do entendimento imanentes, e princípios transcendentes dados ao entendimento pela razão.
Se invertêssemos este caminho teríamos uma pessoa que adquire uma espécie de razão antes mesmo que se tenha nela formado o entendimento... Certamente seria uma pessoa autoritária, autocrata..., pois sua educação não ocorreu pelo caminho normal, uma vez que “se espera de uma boa formação que o pensamento do homem se inicie pelos sentidos, especialmente pelo entendimento e posteriormente forme sua razão, e finalmente se faça sábio.”
Melhor dizendo, o progresso natural do conhecimento humano exige que primeiro o entendimento se forme, chegando pela experiência a juízos intuitivos e, através destes, aos conceitos, mesmo que estes conceitos sejam conhecidos seguidamente pela razão em relação com os seus princípios e as suas conseqüências.
Bem, prometi que não adentraria no ato de educar, contudo, não tenho como evitar um breve posicionamento. Temos, por hábito, talvez seja da natureza humana, usar os lemes do prazer e do sofrimento para educar os jovens. Essas coisas nos acompanham pelo resto da vida ou pelo menos tem um grande peso. Assim, o próprio campo do prazer divide-se em caminhos permitidos e proibidos, sendo alguns homens escravos do prazer, pois sem ser conduzidos não encontram o estado intermediário.
Portanto, aqui digo que o simples ato que, chamo transcendente, onde um princípio que rejeita os seus limites e propõe-se até mesmo a franqueá-los, poderá aniquilar ou mudar o próprio campo ético, colocando em risco a boa formação, transformando a pessoa, vivendo agora numa democracia libertina ou tagarela.
Mas então, devemos ter em conta primeiro que é apenas do entendimento que podem emanar conceitos puros e transcendentes; Na verdade a razão não produz propriamente nenhum conceito, portanto, ela não faz mais do que libertar o conceito de entendimento das restrições inevitáveis de uma experiência possível, e desse modo procura estendê-lo para o além dos limites do empírico, mas permanecendo em contato com ele.
Qual o Papel da Razão?
A Razão é a Faculdade dos Princípios. Poderíamos aduzir que a função principal da razão é conceber o incondicionado, e assim procedendo, ela liberta as categorias da sua limitação. 
A razão exige o seu uso transcendente, que seja aplicada fora do campo dos fenômenos - por um objeto em idéia no termo último deste emprego.
Uso Puro (transcendental) - faculdade dos princípios, das Idéias Incondicionais (Alma, Mundo, Deus).
Como simples conselho, não se deve construir uma razão adquirindo saberes sem a intervenção anterior do entendimento, pois assim as faculdades do espírito tornam-se mais estéreis em segundo lugar mais corrompidas pela ilusão da sabedoria.
Mas os totalitários, autocratas começam a pensar pela razão mesmo que parcialmente construídas, sem ter uma razão formada, não fazendo o bom uso da intervenção do entendimento. Fazem o caminho inverso da construção do pensamento, pois sempre receberam ordens dogmáticas como regras ou princípio de entendimentos imanentes, sem que tivessem uma razão já formada e não conseguem a reflexão através de princípios transcendentes dados ao entendimento pela razão.
Na verdade o que acontece pela razão, prende-se em que ela exige para um dado condicionado uma totalidade absoluta ao lado das condições, e que ela faz assim da categoria uma ideia transcendental, para dar uma perfeição absoluta à síntese empírica prosseguindo-a até ao incondicionado que não se encontra nunca na experiência, mas unicamente na ideia.

Portanto, não busco alcançar o incondicionado, limito-me a constatar que ele existe. 
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Como pensa o Democrata? Difere do autocrata, teocrata, aristocrata, totalista/ditador (II) Preconceitos.

A razão pura nos permite deduzir, mas não refletir; Todavia, na aparência da dedução, temos o que chamamos de conceitos sofistas.
Os conceitos do entendimento são pensados a priori antes da experiência, mas sempre em vista dela.
Os conceitos racionais servem para compreender, tal como os conceitos do entendimento servem para entender (as percepções).
Como!? Entendi tudo, mas não compreendi nada!
Mas então a república da meritocracia estará perdida?! Sim, pois parte dos concursos públicos ocorrem apenas na esfera do “entendimento” das regras, (as regras do jogo - a priori, antes da experiência ou seja, antes do desempenho profissional!). Dessa maneira, também poderia afirmar que o processo judicial se reduziria na aplicação das regras do entendimento, aos fatos?! E claramente poderia concluir que esses operadores do direito podem ter qualquer perfil, pois a meritocracia permitiria inclinações democráticas, autocrática, aristocráticas, teocráticas, totalitárias, pois concluirei na parte III que certos perfiz aplicam apenas as regras do entendimento, sem refletir... Certamente é por isso que observo muitas sentenças apenas como ato de autoridade (Pudera,... transformaram em axioma que a decisão judicial não se discute, cumpre-se, ou, a decisão judicial se discute, mas se cumpre! Já pensou se os recursos, ou o duplo grau de jurisdição fossem reduzidos..., então a democracia estaria perdida!). E mais, eu que defendia a maior composição meritocrática nos tribunais! Será que devo repensar essa posição?! Bem, daí eu preferiria estar voltado à física dos corpos brutos, ou seja, as ciências do bem estar, exercitando um pouco de criatividade. No entanto, seria melhor estar no parlamento legislando o “jogo das regras”, para com isso sair do mundo pertencente ao plano do entendimento puro, as regras, mas trabalhando com valores no campo da compreensão, pois o parlamentar trabalha com os valores sociais para estabelecer as regras. No que se refere ao Direito, considero que a simples aplicação das regras do entendimento aos fatos resulta numa “teoria pura do direito”, pertencente meramente ao mundo normativo, pois tudo seria um reducionismo dos sentidos às regras (o ser subsumido ao dever-ser), e até criticaria Kelsen ao chamar isso de ciência jurídica. E mais, diria que esse sistema seria um perigo, num país com tendências ao regime totalitário. Bem, essa parte levaria tempo para explicar (Citar 44 Kelsen). Portanto, eu optaria em lidar no campo das demais ciências, seja exatas ou sociais, buscando o mundo da “compreensão” das coisas! Calma Milton..., poderei também incorrer em equívocos, anfibolia, sofismas, pois, nesse momento estou apenas iniciando uma busca. Portanto, aqui foi um ato de perceber que “entender e compreender” não estão no mesmo plano, uma vez que podemos entender algo sem compreender, correndo sério risco de partir erroneamente para o rumo do desconhecido, do invisível, dos procedimentos secretos... e até em ser manipulado por pessoas de perfis indesejáveis.
Para exemplificar ou diferenciar o “entender do compreender” poderíamos dar o exemplo do triângulo, ou seja, facilmente “entendemos” que um triângulo tem três lados, e que a soma de seus ângulos internos corresponderão a 180 graus, que a área dele será calculada multiplicando a base pela altura, dividindo-se por dois. Contudo a “compreensão” exige uma resposta a essa conclusão: qual a origem? Quem descobriu o evento, se foi Pitágoras ou outro pensador; o motivo dessa pesquisa? Isso poderá ajudar na “compreensão”, ou seja, vai mais além do simples resultado prático, pois é questionador!
Prosseguindo.
Chamamos de categorias os conceitos do entendimento puro, ou conceitos da razão pura: ou idéias transcendentes. Contudo, os problemas das idéias são as expressões que refletem ou não com precisão seu pensamento. Novamente aqui não adentrarei no campo da lingüística.
As idéias não advêm dos sentidos e transcendem os conceitos, ou transcendem os conceitos do entendimento, não são simples elos com as experiências possíveis.
Para Platão as idéias são arquétipos das próprias coisas, diferenciando-se da categoria que estão a serviço da experiência, uma vez que provém da razão suprema.
O campo das idéias implica em liberdade, pois elas são encontradas principalmente em tudo que é prático. Por exemplo, um modelo de virtude quando algo como tal para nós for apresentado, imediatamente comparamos esse modelo segundo o nosso original para julgá-lo, ou seja, construímos e formamos um arquétipo/modelo, uma idéia da virtude, para julgar as demais, para muitos, designados como preconceitos!

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Como pensa o Democrata? Difere do autocrata, teocrata, aristocrata, totalista/ditador (I)

Dividirei este tema em três partes, sendo esta a primeira.
Investigar como pensa a pessoa democrata, e por sua vez localizando ou apontando as diferenças com os autocratas, totalistas/ditador, teocratas, aristocratas... Trata-se de uma tarefa complexa, cujo resultado poderá inclinar-se ao mero campo da opinião, uma vez que este investigador não detém o conhecimento especializado na área. Então, já disse anteriormente, seria como “medir o peso da fumaça” sob a incumbência de profissional de área de conhecimento diversa ao da recomendada. Não se deve ignorar o fato de que o amparo interdisciplinar embasado em autores familiarizados ao tema seria o mais correto, assim como o multidisciplinar. Contudo, não estou interessado em obra prima, até pela minha limitação teórica, e por pensar que neste ramo estou mais próximo das inquietações do astrólogo que do cientista das ciências exatas. Observação: Não me aprofundarei em Piaget em seu método construtivista, pois não quero saber sobre o desenvolvimento cognitivo psicogenético. Do mesmo modo, nem Vigotski na relação ou inter-relação entre pensamento e linguagem para o desenvolvimento intelectual. Até descartaria Paulo Freire, pois também não estou interessado em me aprofundar na educação, combatendo a mera transferência de conhecimento do tipo “método bancário”, nem no que a educação produz e o que ela reproduz na continuidade histórica, como processo através do qual se opera no tempo a reprodução do arbitrário cultural como dito por Bourdieu. Portanto, prefiro a simplicidade da opinião e principalmente por estar mais voltado em apreciar a atualidade dos pensamentos das pessoas com o perfil sobre as quais me propus a falar, do que em conhecer as causas, as conseqüências, os seus efeitos, pois os seres humanos que futuramente queremos no âmbito do Estado, até pode ser um problema também meu, mas muito mais do Estado, através de políticas públicas e não caberia neste contexto discutir. Portanto, aqui não se efetua qualquer corte epistemológico da ciência padrão.
Dito isso, passo as considerações, porém, antes cabe alertar que apenas caminho ao lado de Kant, que uns criticam por ser idealista, se é que isso será possível, pelas limitações da capacidade deste emissor.
Adentrando no tema, poderia afirmar de maneira provisória que os sentidos não se enganam, mas não julgam. Num conhecimento que concorde totalmente com as leis do entendimento não existe erro; e numa representação dos sentidos também não existe erro.
A verdade e a ilusão não estão no objeto, mas no juízo sobre ele na medida em que é pensado. (para alguns esta afirmação trata-se de uma visão idealista).
O Entendimento e Sensibilidade formalizam a verdade.
São chamados princípios imanentes aqueles cuja aplicação se mantém absolutamente dentro da experiência possível, e princípios transcendentes quando ultrapassam esses limites ou até ordenam que esses limites sejam ultrapassados, ou seja, indo até ao campo das idéias.
Princípios do entendimento puro devem ter um uso empírico.
O caminho natural do conhecer vai: do sentido, ao entendimento até a razão, esta enquanto abstração mais elevada, possuindo uma faculdade lógica e outra transcendental. 
O sentido quer me parecer caracterizar-se como o mais primário de todos, seguido pelo entendimento, depois vem à razão. Poderíamos tomar como exemplo os animais em que neles encontra-se mais presente os sentidos, tais como o faro, audição, visão, tato, paladar..., e até alguns entendimentos, estes, porém, mais no aspecto comportamental do behaviorismo, condicionamento reflexo, um empirismo enquanto experimentos naturais e primários.
Assim, no conhecimento temos o “entendimento como faculdade das regras” e a “razão como faculdade dos princípios, ou seja, vemos o mundo “filtrado e processado” pela nossa razão.”
Dessa maneira, o conhecimento por princípios se difere do conhecimento por entendimento.
Portanto, temos a razão como unidade das regras do entendimento mediante princípios.
A razão jamais se relaciona imediatamente nem com a experiência nem com qualquer objeto, mas com o entendimento.
A razão busca, mediante raciocínio, reduzir a um número bem pequeno de princípios a grande variedade de conhecimento do entendimento e daí realiza a mais alta unidade. Seria essa unidade a parte formal da lógica?
Então, a razão pura - uma unidade do entendimento.
A um passo a mais, teremos o raciocínio – um juízo que formamos subsumindo sua condição numa regra geral (premissa maior).
As proposições fundamentais que decorrem desse princípio supremo da razão pura serão transcendentes em relação a todos os fenômenos, e não podemos fazer o uso empírico que lhe seja adequado. Já os princípios do entendimento são imanentes, ou seja, completamente da experiência.
Assim sendo, nesse primeiro ensaio nada pude conseguir distinguir, de mais pertinente, sobre as diferenças entre os pensamentos do Democrata, autocrata, totalista/ditadores, teocratas, aristocratas… Talvez para que esse trecho não fique em vão poderia adiantar uma possível distinção, ou seja, de que as pessoas democratas utilizam mais os princípios transcendentes, ou seja, quando ultrapassam a experiência possível ou até ordenam que esses limites sejam ultrapassados, chegando até ao campo das idéias. Já os demais perfis, se utilizam de princípios do entendimento imanentes, aqueles cuja aplicação se mantém absolutamente dentro da experiência possível.
Todavia isso não bastará para conhecer as diferenças entre conhecimento, entendimento e a razão. Então podemos continuar numa busca aos conceitos transcendentes da razão pura, os raciocínios transcendentes e a dialética, enquanto possibilidade de resolução deste dilema tomado como objeto de investigação.
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira


“Somente seremos livres quando a qualidade do pensamento democrático se impuser sobre a autoridade das demais ordens.”

Liberdade do Saber - o Discurso, a Sistematicidade Descontínua.

Não entendo a linguagem/discurso de muitas profissões. Resultam em dificuldades na prática da atividade profissional, especialmente quando a tarefa desempenhada vier a exigir pluralidade de intervenções técnicas científicas, mediante atuação de saberes convergentes e sistematizado, necessários na obtenção de resultados.
 No tocante a história do saber, até então a humanidade teve um sistema de exclusão no que tange ao deslocamento da escolha da verdade bem definida, desde a época sofistica, após com Sócrates, Platão, Aristóteles..., onde se ordenou o que seria discurso verdadeiro e falso. Depois de um grande obscurantismo, surgiu do século XVI para o XVII, primeiro na Inglaterra, uma ciência do olhar, da observação, da verificação, uma filosofia natural, o empirismo, que fez surgir novas estruturas políticas, religiosa..., como nova forma de saber. Já no século XIX o aparecimento da ideologia positivista, com pretensão científica no discurso médico, psiquiátrico, sociológico, assim como os discursos prescritivos no sistema penal. Como exemplo, a medicina com intensa ritualização num jogo de limitações, exclusões e de interdições de linguagem especialmente ao mundo exterior.
Foucault afirmou: “Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com saberes e os poderes que eles trazem consigo”.
De um modo geral, o discurso que atua no interior dos sistemas complexos é constituído por um grupo de restrições, o ritual, que define a qualificação que devem possuir os indivíduos que falam, no jogo de um diálogo, da interrogação, da recitação, e que devem ocupar determinada posição e também formular algum tipo de enunciado. Os discursos religiosos, jurídicos/judiciários, terapêuticos, políticos..., não podem ser dissociados da prática ritual construída para os sujeitos que falam, com propriedades singulares e papéis preestabelecidos.
Na verdade as séries discursivas derivam de uma série de acontecimentos e fenômenos de que estão ligados com esse jogo de noções.
Porém o acontecimento não é da ordem dos corpos (só matéria), mas também não somente o imaterial (ideias), pois, acidentes ou variáveis podem interceder. Assim, nem substância nem acidente, todavia, é sempre no âmbito da materialidade que ele se efetiva. Portanto, não é o ato nem a propriedade de um corpo simples ou complexo que trará a eficácia do resultado, mas um plexo de atuações e intervenções que devem interagir. Nessa linha, a liberdade do saber ganharia um paradoxo: o de um materialismo do incorporal (matéria e idéias associadas), ante um saber sistematizado e homogêneo!
Contudo, os acontecimentos discursivos devem ser tratados como séries homogêneas, mas descontínuas, pois certamente há cesuras que rompem o instante e dispersam o sujeito numa pluralidade de posições e funções possíveis, ficando os sujeitos da relação dispersos.  Imaginamos numa série regular e distinta, qual seria a conexão? Poderíamos colocar em série, ainda que distintas, a medicina com a engenharia sanitária. Essa conexão formaria uma sistematicidade descontínua, uma vez que não excluiria a ritualização da palavra em cada uma dessas corporações de saberes nem criaria interdições, supressões, ou fronteiras e limites de modo que a desordem do discurso entre as linhas de saberes fossem organizadas, restituindo ao discurso seu caráter de acontecimento, afastando ou suspendendo assim a soberania do significante isolado. Disso, poderia haver em determinadas instâncias, portanto, a partilha do discurso sem a presença de enunciados prescritivos e inassimiláveis, produzindo uma homogeneidade, ainda que transitória. Na verdade a doutrina liga/conecta os indivíduos a certos tipos de enunciação e lhes proíbem, conseqüentemente, todos os outros. No entanto, em certos tipos de enunciação, a propositiva, serve para ligar indivíduos entre si e diferenciá-los de todos os outros. Também percebemos uma dupla sujeição: dos sujeitos que falam aos discursos e dos discursos ao grupo.
Revemos acima, o que disse Foucault sobre a imposição feita pelo sistema de ensino que estabelece uma forma política de manter ou modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e poderes que eles trazem. Nas instituições e profissões há uma ritualização de ingresso, permanência e saída, com apropriação de discursos por certas categorias de sujeitos. Adotam como lei uma racionalidade imanente, propondo uma verdade ideal. Estabelece linguagem sobre a linguagem - uma metalinguagem (mas aqui não adentrarei na semiótica). Assim, seria oportuno repensar esse relacionamento ritualístico dos ofícios e seus discursos, com instâncias propositivas de inter-relação homogenias ainda que de transição. Talvez agora fosse a vez de uma teoria que faz pensar as relações do acaso e do pensamento. Portanto, propor um projeto crítico para análise das instâncias de controle do discurso, analisando o processo de rarefação como também de reagrupamento e de unificação dos discursos. Contudo, deve sempre levar em conta os limites que interferem nas formações reais, seja de perspectiva como de delimitação, devem também ser levadas em conta conforme as pluralidades de séries nas quais interfiram nos interditos e que sejam diferentes para cada uma dessas séries de acontecimentos sobre os quais se fixam rituais. Repito: qual a solução?  Seria um Platonismo/idealismo substancial!? Um materialismo do incorporal?! Para que haja um novo olhar que possibilite as ideias e matéria/substância mais homogêneas entre os sujeitos ativo e passivo dos discursos, enquanto resultado da reelaboração das disciplinas e seus discursos, orientando o sistema de educação e seu papel de formador. Sem a existência de rupturas significativas ou cesuras dos respectivos rituais nas (e entre) profissões e usuários desses agentes de saberes. (bobagem..., isso já vem sendo feito, às vezes mais rápido ou na forma mais lenta, e é uma eterna construção!).

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Da Morte da Fome. A Seletividade e Permanência no Mundo

Aqui neste meu país (Brasil) relembramos o uso da propaganda eleitoral nacional pelos partidos políticos em relações aos programas sociais de renda.
Permita-me perguntar: As instituições políticas para serem valorizadas devem se pautar dentro desse novo foco – pobreza, fome, miséria!?
Não, não é novo. Esse embate teve origem na tese “malthusiana”:  (Malthus alertava que a população crescia em progressão geométrica, enquanto que a produção de alimentos crescia em progressão aritmética. No limite, isso acarretaria uma drástica escassez de alimentos e, como consequência, a fome. Portanto, inevitavelmente o crescimento populacional deveria ser controlado - https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_populacional_malthusiana.).
Hodiernamente, superada a aludida tese secular pelo visível desperdício alimentar que hoje vivenciamos. Então, partes das políticas públicas passam a se inclinar no sentido de encontrar a antítese malthusiana com o uso da moeda para combater a fome, miséria e afastar a causa da pobreza, ou seja, concedendo rendas através dos benefícios assistenciais direcionados contra tais mazelas...
Aqui tudo se amplia <, no judiciário até a Justiça Gratuita é abundante! Ou seja, ninguém se emancipa desse sistema pois não há conquistas ou mérito, e tais políticas se tornaram apenas agregadoras de corpus, em relação a Democracia, rumando à mera igualdade numérica, mas do voto inconsciente em duvidosa legitimidade em prol do suposto políticos emancipadores!
E a contradição se instaura.
- No materialismo (socialismo) o combate se inicia com a sensibilidade humana, ou seja, a fome, pobreza, a miséria..., substanciando e subjetivando esses fatos em realidade. Contudo, entrega-se o produto/substância/rendas (o peixe, ainda que seja a coisa dos outros/nós - impostos). Muitas vezes ocorre a simples entrega/dádiva sem se preocupar em dispor também as ideias nascidas dentro da boa escola/educação integral que fornece o mérito das conquistas. (A exemplo da conhecida lenda da ferramenta/anzol invés do peixe).
- No idealismo (capitalismo) é a consciência do homem/indivíduo/psíquico que se impõe enquanto vontade e determina a realidade objetiva. Contudo, age-se sem dispor ou abrir mão do “jus abutendi”. Fazem isso enquanto matriz da beneficência ou caridade, sem se importar com a verdadeira partilha de rendas, através de impostos justos, porém dizem que todo o imposto é excessivo!
Portando, quando uma política pública é realizada sem o acesso ao saber e a tecnologia, resta claro que se faz um mero e leigo combate ao malthusianismo ou Darwinismo. 
E assim esse povo continua vagando nesta terra, lançados à sorte, mas com “a morte da fome”, obviamente superada essa severa “seletividade natural” uns poderão até progredir ou mesmo evoluir, mas no fundo muitos aqui se estabelecem enquanto permanência neste mundo de todos apenas no “estado natural”, à custa de políticas sociais genéricas (oferecidas/dadas sem critérios e cuidados no campo da efetiva fiscalização)!
A contradição defendida pelos materialistas é assim resumida em Marx - A Ideologia Alemã: “O modo de produção da vida material determina o caráter geral dos processos de vida social, política e espiritual. Não é a consciência dos homens o que lhes determina a realidade objetiva, mas ao contrário, a realidade social é que lhes determina a consciência.”.
Contudo, Em 1908 aduziu Schumpeter:
''Ninguém dá importância ao pão pela quantidade de pão que existe num país ou no mundo, mas todos medem sua utilidade de acordo com a quantidade disponível para si, e isso, por sua vez, depende da quantidade total.”1
Então, é preciso dizer repetitivamente que pagamos os impostos e que parcela efetiva dele deve estar voltada para melhorar a distribuição das rendas e das instituições produtoras do saber e tecnologias, sem demagogias e politicagens eleitoreiras, mas diante de uma fiscalização/transparência do destino da tributação!!

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Argumentos Sofistas – Peso da Fumaça

Mas os monarquistas, autocratas, aristocratas, totalistas/ditadores..., são aqueles que costumaram em defender dogmas. Não enxergam ou não querem constatar os substratos das determinações no tempo, pois tal como na sua época passada imaginam jamais deixar de estar estabelecido aquilo que permanecia, não aceitando mudanças. Eles advogam o princípio pré-socrático da permanência “nada provem do nada”. Anaxágoras: como poderia o cabelo nascer do não-cabelo? - que o Ser não poderia vir do não-Ser era a afirmação de que nossos alimentos deviam conter as partes de tudo o que em nós aparece. Mas de um modo errôneo. Logicamente, numa análise primária, de fato, nesse dilema não aconteceria coisas novas em relação à substância em si, e assim a permanência sem uma dinâmica se imporia até ao futuro! No entanto, sabemos que muitas vezes, para não dizer sempre, a matéria não se perde, mas apenas se altera ou muda na substância constituída, pela maneira ou os modos como representamos a existência das coisas, seja ainda pelo denominado acidente (ex., o movimento como acidente da matéria), variáveis, inerência, enfim são determinações que eu Milton não consigo ir mais além. Os defensores da permanência apoiam como era ou foi à forma de governo nos tempos vividos e se opõem a democracia. Mas a democracia transforma em todos os modos relacionados ao seu exercício no seio dos poderes, incluindo pessoas, grupos e determinadas profissões e até carreiras jurídicas.
Os atrelados na permanência acima denominados exercitam a retórica ainda que de forma indireta, mesmo sem caracterizar o binômio maniqueísta do bem e o mal, mas sim com argumentos sofistas bem sucedidos, pois seus fundamentos têm apegos na antiga razão. São ornatos que poderão persuadir facilmente o vulgo, o homem mediano e até o cientista de outra área, podendo até estabelecer o obscurantismo no Estado, ou seja, um poder invisível. Exemplo, perguntasse ao homem leigo, qual é o peso da fumaça? Responderia pela impossibilidade de se saber sobre essa medida; se fosse perguntado ao cientista político, ao sociólogo..., responderia com toda a imposição que o peso da fumaça poderia ser encontrado, pois esse peso seria o resultado da diferença entre o peso da lenha e o peso da cinza que restou da queima, pois nada se perderia com o fogo, como conseqüência do princípio da permanência apenas as formas se alteram. Contudo perguntado ao profissional da área, seja ele um químico, concordaria em parte, porém, diria que esse raciocínio não é dos mais corretos, uma vez que no evento combustão outros elementos do ambiente seriam agregados, o oxigênio por exemplo. E assim acontecem em outras áreas. Na matemática, ao ir de minha casa até o supermercado posso argumentar que é um alvo/objetivo matematicamente inatingível, uma vez que se eu fizer a primeira medida de distância a percorrer, por exemplo, 100 metros, poderia dividir essa distância em infinitos segmentos!? Claro, essa divisão matematicamente se torna possível de indicar frações ao infinito! Mas então nunca poderia chegar ao ponto eleito sem percorrer o infinito. Mas como percorrer o infinito?! e estaria dispensado da tarefa! Contudo, minhas premissas estão mal postas ou empregadas equivocadamente, e nem sofista fui! Digo isso por achar que em nosso meio, tal como na política até os medíocres sofistas conseguem impor uma errônea permanência de privilégios e diferenças em detrimento da verdadeira ciência que estabelece formas e procedimentos de se buscar o conhecimento, invenção e produção, assim como a igualdade de atores enquanto indivíduos, profissões ou sociedade. Sem o necessário apego pela ordem divina ou vulgar, cujas premissas equivocadas poderão nos levar a caminhos impossíveis de se chegar à democracia, pois não seríamos capazes de compreender a mais simples sucessão natural, no comum exemplo da lenha, do fogo, cinzas e nutrientes, pois nesta sucessão não há cinzas sem o bom fogo, o fogo total, o mais vivo de todos os fogos (com o bom vinho, claro...!).

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

A Preguiça

Segundo Plutarco, o grande título de Licurgo “o mais sábio dos homens” para a admiração da posteridade, era ter concedido a ociosidade aos cidadãos da República, proibindo-os de exercer quaisquer mister (atividade).”
Agora falo da Preguiça como princípio genealógico e origem do preconceito ideológico e político.
Se até hoje estivéssemos no paraíso nada faríamos, sendo privilegiados pela fartura, ainda que omissos. Mas fomos expulsos (Adão e Eva) após ter comido o fruto proibido da árvore da ciência do "conhecimento do bem e do mal" e hoje ficamos privados da perfeição e da perspectiva de vida infindável. Contudo permanecemos cultivando a preguiça original, para uns e para outros enquanto moral do bem e do mal, respectivamente. Seria este o princípio genealógico primordial que permite nossa eterna preguiça?! (sem adentrar no âmbito religioso)
Para responder, primeiramente, seria necessário conhecer a alma humana, mas não temos essa capacidade senão apenas lançarmos as primeiras ideias filosóficas escritas.
Platão dividiu a alma do homem numa parte melhor e outra pior. Disse que muitos pensam em sempre ser “senhor de si”, porém podem se constituírem em “escravo de si.”
Mas esta expressão parece-me significar que na alma do homem há como que uma parte melhor e outra pior; quando a melhor por natureza domina a pior, chama-se isso “senhor de si”, o que é um elogio, sem dúvida; porém, quando devido a uma má educação ou companhia, a parte melhor, sendo menor, é dominada pela superabundância da pior, a tal expressão censura o fato como coisa vergonhosa, e chama ao homem que se encontra nessa situação escravo de si mesmo e libertino.”(Platão, pag 125).
A preguiça num contexto geral é contrária à virtude tradicional. No campo das ideologias atua como divisora e matriz do preconceito ideológico (esquerda e direita), como adiante abordamos, enquanto entrave das causas ou tarefas da produção das substâncias apropriáveis e ou consumíveis, pois, as coisas se fazem pelas ideias em prática, pelo trabalho ou até mesmo pela apropriação ilícita dos bens susceptíveis de posse e satisfação dos desejos ou da sobrevivência.
No entanto, o combate a preguiça se inicia na escola, na profissão, no aprendizado desbastando a pedra bruta pelo trabalho do mais simples ao mais nobre ofício, mas sempre pelo rigor da luta. Portanto, a preguiça também divide o bem e o mal. Falo da preguiça orgânica e da intelectual.
A Ideologia e a Localização da Preguiça
Certo! A preguiça faz surgir esse grande preconceito ideológico do bem e mal. No socialismo todos querem dividir as substancias/coisas sem distinção de causas e tarefas que originaram a disposição desses bens apropriáveis às pessoas, ou seja, incriminam a apropriação individual.
Mas as causas dos bens/coisas e substancias foram em regra a natureza, as ideias, o trabalho/tarefas, as conquistadas (muitas ilícitas ou sem mérito) pela apropriação dos bens antes mencionados ou mesmo pela herança por alguns dita como injusta. Ainda que não sejam originalmente os titulares desses bens, os socialista/comunistas reclamam parcela ou o total deles como se sempre fossem derivados de uma causa da natureza ou da apropriação ilícita e/ou injusta, devendo com todos ser partilhados.
No capitalismo todos querem viver negando o ócio, cultivando o livre-arbítrio. 
Então, qual o caminho? Talvez possa ser a ciência e as tecnologias como termo unificador e emancipador desse dilema, disponibilizando os meios de subsistências facilitando a “ociosidade preguiçosa” que designo como aquela em que poderei aproveitar meu o tempo de modo mais prazeroso, mas até então desprovido de fundamentos causais socialmente aceitáveis.
O combate a preguiça seja intelectual ou orgânica enquanto freio das ações e idéias, encontra óbices. Os comunistas argumentam: Não necessito aprender nada; ou o proletário é embrutecido pelo dogma trabalho. Mas a preguiça está no psicológico enquanto ânimo e não na purificação genética de uns e de outros, nem no social, ou seja, está no indivíduo e é sempre no individuo que ela se instaura. Em estando no individuo, não é justo que a sociedade seja complacente com ela. Portanto, o Estado/Governo como Ente não pode estar omisso em relação a sua fixação no Ser, seja na forma natural do ânimo ou artificializada por grupos municiados de doutrinas que cultuam a preguiça.
A religião combate a preguiça indicando sacrifícios para penitenciar o Ser do rol de pecados, muitos destes, direta ou indiretamente, com ela relacionada. Contudo, além da família, é na escola em que ela deve ser dissipada. A preguiça intelectual é um dever de o Estado combater. Não desconhecemos que também é uma questão de método de ensino e conhecimento, uma vez que determinados indivíduos se adaptam melhor numa dada maneira de aprender para dela se emancipar.
O combate à preguiça orgânica é uma questão médica e até complexa, mas na grande maioria este mal se resolve através de exercícios ao corpo.
Com a diminuição da preguiça, todos podem evoluir se beneficiando das técnicas e dos bens produzidos, afastando as teorias que mais atingem o inconsciente coletivo para conseguir adesão dos modelos doutrinários que veladamente adotam a preguiça, venerando a partilha indiscriminada das coisas (sem distinção de causas que originaram a disposição pelas pessoas sobre esses bens/substâncias). Outros que adotam o combate à preguiça para justificar e fixar o livre arbítrio como salvação, crendo que a preguiça é uma predisposição inata ou imanente para distinguir pessoas. Portanto, estas também perderiam o discurso na mesma proporção. A preguiça não mais seria tratada como escrúpulo moral “a priori”, mas uma ociosidade aceitável após a partilha de esforços de tarefas físicas e intelectuais. Assim, “qual é definitivamente a origem de nossa ideia do bem e do mal? (pag. 17 N).
- Maquiando a Preguiça
Claro, com a manutenção da preguiça e dos preconceitos fixados em doutrinas opostas, digo, das teorias políticas na forma binária que simplificam e polarizam as divergências de esquerda e direita, fica adredemente mais aprazível fazer um juízo de valor maquiando a preguiça para conseguir seguidores. Adotam categorias em especial “estar-em-uma-posição” como o dualismo “privação e posse”, colocando este dilema em oposição esmagadoramente no campo das sensibilidades e não das ideias. Classificam os seres de egoístas e não-egoístas, inculcando até o ódio. Trata-se de uma construção silenciosa, aos poucos. E todos classificam os ricos, os poderosos os que mandam. Com isso ocorre a purificação da preguiça em doutrinas de esquerda e de direita. Seja na forma ingênua dos que passam a acreditar, seja pelos precursores conscientes e terapeutas em nome dessas doutrinas ditas como da causa social defensável pelos doutrinados. Desse modo procuram cultivar a preguiça, pois os demais padrões de conduta que indicam a evolução ou mesmo o progresso causam o sofrimento inicial pelo esforço físico ou intelectual. Então, todos procuram se tornar “preguiçosos e refinados” através de uma doutrina maquiadamente mais adequada na posição que se encontra, pois interessa “estar-em-uma-posição”. Prometem a equidade da divisão, mas tem medo da justiça legal e por isso enfraquecem uma das funções essenciais à justiça, pois preferem utilizar a “equidade”, uma vez que a equidade tem matriz mais proeminente no direito natural. Assim, propondo a divisão do pão (Schumpeter) , não importando se o total produzido na nação supre a todos, pois se faltar na partilha o discurso se faz contra o opositor, atribuindo-o o mal, sendo este quem danificou e não atingiu um todo plausível da ora divisão digna. Alguém poderia me indagar se não estaria deixando de lado “a inveja como origem do preconceito”, porém, penso que não, uma vez que a inveja tem menor intensidade do que o ódio. O ódio cultivado em demasia, enquanto última instância doutrinária, pode se inclinar na tomada de Poder e do Estado pela luta armada.
- Como combater a Preguiça
O combate da preguiça pode ser mitigado pela ciência e tecnologias e esse deve ser a finalidade do processo político e ideológico.
A preguiça como princípio genealógico e origem do preconceito ideológico e político, deve ser combatida com a mais simples e eficaz das armas, ou seja, uma escola que possa “oferecer ciência ao povo”. Somente assim “a cidade é maior que o indivíduo? sim. (...).., observando a semelhança com o maior na forma do menor” (Platão 55). Não podemos admitir que tudo se plebeíze, nobreíze, burgueíze e se prodigalize em nome desse suposto bem e mal. No sentido de querer que os cidadãos da república ideal platônica vivam na maior ociosidade, tirando tempo livre para os amigos e para a política. Alguns políticos, sem se importar com a educação e com as profissões que sustentam a cidade, equivocadamente querem ter o título de Licurgo, que antes mencionei, concedendo a ociosidade aos seus tutelados e doutrinados.

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Como emagrecer

Particularmente cheguei a imaginar que emagrecer estaria conectado diretamente com o sentido visão, ou seja, o jargão/ditado popular “comer com os olhos”. Faço uma explanação bem simples. Certa vez notei que minha visão estava deficiente, cansada, embaralhada e tinha que aproximar os olhos do escrito para ler. Ao mesmo tempo percebi que estava ganhando peso. Contudo, nada me fazia crer que existia uma conexão com a visão. Para minha surpresa, foi quando consultei o oftalmologista o qual constatou que devia ampliar as lentes dos óculos, para melhorar a visão. Após o uso das novas lentes percebi que tudo estava maior, até o prato de comida que eu servia antes agora estava grande demais. Quando tirava os óculos ele diminuía, colocava e aumentava... O moral da história: “nunca mais tirei os óculos para fazer as refeições” e fui todos os anos no oftalmologista e até “cheguei a uma leiga conclusão de que para emagrecer devia usar uma lente maior ainda”, mas fui impedido pelo meu especialista, que me aconselhou procurar um profissional da área de nutrição. Portanto, procure um profissional da nutrição!

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Exercer a profissão da música

É escolher o caminho da felicidade, já que o instrumento musical é um dos meios mais inteligentes de apreciação da matéria em forma de vibrações ao penetrar na mente sem ferir (exceto os decibéis em demasia). Todavia, cuide para que a verdadeira música seja mais que uma profissão, mas também uma virtude. Segundo Aristóteles, “a Musica é uma disciplina moral e um deleite racional,... o nobre emprego do lazer é o objetivo mais elevado a que um homem pode aspirar;” (a Política, Livro VIII).
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Sobre minha linguagem

Gostaria de ser extremamente claro nas minhas expressões, mas não consigo. Ludwig Wittgenstein afirmou que “os limites da minha linguagem significam os limites do meu mundo”. Se eu dominasse a matemática seria através dela que expressaria minha voz, pois seus símbolos são isentos de flutuações culturais, mas isso me deixaria frio, calculista e extremamente cartesiano.

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Sobre a confiança e amizade

Descartes foi severo demais ao afirmar – “aquilo que nos enganou, mesmo uma só vez, nunca mais merece a nossa confiança, tornando-se duvidoso.” (giles, p.17). No entanto, produziu outro conceito sobre amizade de modo suficiente ao afirmar: “Quando se estima o mesmo de igual forma que a si próprio, isso se chama amizade.” (Descartes – As Paixões da Alma, Editora Escala, São Paulo. pg.73). Por isso, ao construir uma amizade procure iniciar pelas coisas simples, falar das mais comuns possíveis e de fácil entendimento e ou compreensão. Como por exemplo, sobre o aparecimento de pássaros no quintal, das flores e frutas que nasceram, brotaram e produziram, as boas músicas e danças. Deixe seus problemas complexos fora das amizades, pois eles farão com que ela desapareça. Fale das coisas simples e o bom amigo fará com que se abram luzes sobre todos os problemas. E tem amigos tão engraçados que farão com que vocês façam a primeira viagem à lua! Portanto, a amizade pertence às coisas simples.

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

A Moeda e a nossa Remuneração

Se consultássemos os “contemporâneos déspotas esclarecidos”, os oráculos, ou até mesmo o polvo (aquele da copa do mundo 2010), diriam que em regra se reconhece uma nação civilizada por alguns sinais, símbolos e costumes de que se utilizam. Se hipoteticamente estiveres naufragado e, nadando ao continente (terra), chegares até a praia e sobre ela encontrares traçadas figuras geométricas, fiques comovido e alegre, pois não encontrarás um povo bárbaro! Do mesmo modo se, por um acidente ou desejo de descobrimento, vieres a parar/chegar junto a um povo desconhecido e visualizar uma moeda, fiques certo de que encontrou um povo civilizado, pois o uso da moeda exige uma cultura ou conhecimento de um símbolo de valor (das riquezas..., mensuração das coisas e padrões de trocas etc.,). Assim ocorre também com as necessidades de códigos, de modo que em regra as leis se relacionam intimamente como a nação cuida de sua subsistência. Contudo, um código penal, leis e instituições penais imensas são corretas para um povo pouco civilizado, inculto, sem escola, etc. Do mesmo modo as leis civis severas servem para um povo ganancioso, com costumes e maneiras não recomendáveis e sem ética... Na verdade os ilícitos e os delitos são os pressupostos do direito, das penas prescritas nas leis para serem imputadas. Aliás, os inimigos da nação quase sempre são: os hipócritas enganadores, os pérfidos defraudadores, os fanáticos opressores, os ambiciosos que a usurpam (cargos), os corruptos e sem princípios abusadores da confiança do povo. Portanto, a grandeza da nação indica no sentido dela precisar minimamente dessas regras insurgentes contra os referidos vícios e elementos nocivos que pairam em seu território. (aqui, nesta nação, seria um desastre se não tivesse tais leis!)
Mas o que pretendo enfocar é exatamente o uso da moeda. Se esse povo estiver se utilizando de qualquer espécie de moeda, certamente pode-se dizer que se encontra em estado de civilização, pois “deixou de explorar a natureza pura”, inclusive, pode acumular riquezas para aperfeiçoar a sua conservação.
No entanto, “um povo que não faz bom uso da moeda é lançado à sorte!” Podendo ser escravizado pelos inimigos acima (des)qualificados. O bom uso da moeda quase sempre resulta de um bom desenvolvimento das nações e dignidade de seu povo. Ao contrário o mau uso da moeda faz surgir “diferenças entre os iguais”, levando a situações inaceitáveis! São nações em que, apesar de tudo estar regulado nos códigos, mas os inimigos dela sempre procuram aplicar suas paixões individuais sem qualquer remorso, apostando na cegueira do cidadão!
Utilizam-se da lingüística (um discurso, político, jurídico, médico...), através de um sistema de signos, criando novas categorias, destoantes até mesmo do conteúdo disciplinar, espalhando uma semiologia do poder no sentido de afastar o cidadão do conhecimento, ou dizendo e oferecendo-lhe “tutela” (oque ele deve fazer, comer, tomar, andar, vestir...) em substituição da justa “emancipação” ou autonomia.
Com tais instrumentos agregam amigos (mas na verdade, são os temidos inimigos da nação) para justificar as diferenças de atribuições, remunerações, posses aquisições..., fazendo com que a moeda não mais seja real, mas contemplativa dos eloqüentes desejos insalubres acima declinados, que no fundo causam um grande mal à nação.
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira
Teoria base:
- Montesquieu – Do Espírito Das Leis – texto integral – tradução, Jean Melville.. Editora Martin Clarete, São Paulo, 2002 (Livro Décimo oitavo – Das Leis quanto às suas relações com a natureza do solo)

- Warat, Luiz Alberto. O direito e sua linguagem. Porto Alegre, Fabris, 1984, 103p.