domingo, 25 de fevereiro de 2018

Curiosidades: Por que o mar é salgado?

O mar é salgado principalmente por causa dos rios!
O cloreto de sódio (sal) no mar é mais abundante, mas também existem outras substâncias como o bicarbonato de cálcio, cloreto de potássio e outros minerais..., cujo processo decorre de corrosão das rochas, erosão do solo, sendo transportado pelas chuvas e principalmente nas correntes das águas dos rios, encostas oceânicas e ainda dos vulcões, que diluem minerais e/ou se recompõem na mesma fórmula ou noutras substâncias minerais, entre elas o sal mais abundante, depositando-se nos mares. Tudo isso se processando durante milhões de anos. Ora, quando a água do oceano evapora, os sais e composições similares, por mais pesado ou diferentes de estado físico-químico naquele momento do que as propriedades dos átomos (molécula) de H2O (água), não acompanha a elevação em nuvens/umidade e o consequente deslocamento destas pelos ventos, permanecendo em depósito nas águas marítimas, sendo que o vapor da água vindo do mar retroalimenta os rios com água pura num eterno processo de hipotética perenidade dos rios que por sua vez novamente carregam pequenas quantidade desses elementos/sais e minerais ao mar sem retorno. Portanto, os rios recebem com os ventos 23% dessa água evaporada dos oceanos/mares, mas 77% caem sobre os mesmos oceanos. Então os mares ou oceanos, não conseguem devolver aos rios ou terra as substâncias neles depositadas.
Nós humanos, também podemos ser um oceano de depósito de sal/amargor, se não formos capazes de desfazer-nos de certas substâncias ou virtudes e sabedorias, aquelas em demasia, seja partilhando amizades, felicidades, alegrias, confortando os tristes e sofridos, realizando trocas ou distribuindo as boas coisas e objetos que chamamos de sobras ou acúmulos, mas que em nós não serão inteiramente aproveitados, então, podendo perecer mais tarde. Se praticarmos ao contrário sem essas trocas, nos tornaremos um "mar morto"!
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira
Fontes:

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

O Dilema das Drogas.

A questão da violência em função das drogas ilícitas que está aniquilando nossa sociedade, tem um viés de múltiplas culpabilidades. São culpados quem planta, vende, trafica..., mas na ponta da cadeia, ou dessa rede, do atacado para o varejo, pulverizado pelo mundo está aquele que consome drogas!
Quem consome não se acha culpado pela violência, ainda que financiador do sistema! Imaginam que nós, os pagadores de impostos, teremos que financiar a cura do viciado, e sustentar todo um sistema penitenciário de elevado custo para colocar na prisão os traficantes, plantadores/cultivadores de plantas psicotrópicas, laboratórios químicos, pontos de vendas, facções... Claro, menos o consumidor que se acha imune! Bem, imagino que temos o dever de solidariedade, pois a dependência química é bem séria e uma questão inegável de saúde pública, mas não ao ponto de sermos lenientes, pois daí também seriamos culpados! Lembramos que nosso direito não adota a tese da responsabilidade coletiva para arcarmos com os ônus financeiros, nisso considerado todo o aparato médico e hospitalar, apesar do sistema SUS ser pensado exatamente na responsabilidade coletiva em prol do verdadeiro cidadão e financiada pelos impostos! Por outro lado, os impostos ficam limitados para cobrir um imenso contingente policial, penitenciário e respetivas estruturas adequadas nessa luta contra as drogas!
Então, está na hora dos consumidores de drogas ilícitas e/ou seus responsáveis, pais, avós, irmãos..., terem a devida responsabilidade, ou seja, se esforcem objetivamente, exteriorizando e registrando a sua ação no sentido de que convenceu o próprio viciado em optar em ser tratado ou mesmo internado voluntariamente, pois quem participa por omissão do evento também tem seu grau de culpabilidade. Todavia, a outra ou única opção está em que o viciado sofra efetiva penalidade, especialmente pecuniárias para financiar o tratamento dele e se cotizar com os demais cidadãos que se encontram nessa condição, bem como que os seus responsáveis parentes sejam também caracterizados como solidários pelas dívidas ou multas aplicadas. Assim como, que seja o infrator pessoal e devidamente apenado, publicizado e registrado para constar seus antecedentes, já que voluntariamente não demonstrou efetividade.
Observo que os consumidores eventuais de drogas ilícitas são os piores! Pois é certo que estão em maior quantidade e se acham não viciados e inofensivos ao sistema!
Está na hora de a segurança pública e demais profissionais se preocupar além da embriaguez por álcool, também identificar as demais drogas fixadas no indivíduo, pois o álcool causa um dano inegável e visível, já as drogas ilícitas vão além disso, sustentam uma cadeia de crimes. Talvez se efetivasse a abordagem em pessoas com evidências ou por denúncias de estar intoxicado, independentemente de dirigir, pois se constatado a intoxicação, resta dizer que já causou imensos prejuízos para ele e para nós, coletivamente. Já que no mínimo financiou o tráfico e crimes, e nesse sentido, o bem a ser protegido vai além da responsabilidade individual, pois em flagrante dano coletivo. Já quem for abordado e não estiver intoxicado, que receba os devidos elogios e o “selo de qualidade” de até então não estar causando danos social (claro, simbolicamente)!
Pois é..., seguindo o pensamento de Platão, o consumo de drogas seria um vício da alma, da mente, podendo ser combatido praticando as virtudes e através de um processo educativo em melhorar a essência do indivíduo (a parte boa da alma), para se fazer entender o quanto mal causa para ele e para todos.
Por outro lado,  interpretando Aristóteles, poderíamos dizer que a droga é uma substância cuja essência do mal está nela e não na alma do indivíduo que a consome!  Neste último caso o aparato seria meramente policial, pois o objeto do potencial ou relevância causal ofensivo é a droga, a coisa!  Então a apreensão de drogas por si só resolveria o dilema. Mas o indivíduo consumidor da ponta (do varejo) seria elemento neutro ou no máximo passivo do sistema. Todavia, sem um critério de compromisso do indivíduo (o psicológico e não o coletivo), seja voluntário a se desfazer do vicio ou forçado por critérios infracionais financeiros e penais, teríamos indivíduos frouxos às drogas e incapazes de construir sua essência e de sairem de bandidos a heróis!

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Platão e Aristóteles

Na minha visão um tanto simplista, ou sem caráter científico, afirmo que os dois pensadores tiveram origem ou começo da exteriorização dos seus conhecimentos na antiga Grécia, sendo os primeiros filósofos que deixaram registrados por escrito os mais célebres pensamentos. Platão fundou sua escola “A Academia de Atenas” e Aristóteles então aluno de Platão, fundou o “Liceu”.
Os pensamentos de ambos se diferem em alguns pressupostos, uma vez que Platão valorizou o mundo das ideias (vide a alegoria da caverna, a visão das sombras dos objetos), que é o imaterial, colocando a essência na alma, nas ideias, na razão ou no mundo das formas. Seu principal pressuposto foi em afirmar que o mundo substancial ou das coisas não é perfeito, pois se degenera (ex. nosso corpo envelhece e morre, o ferro se corrompe pela oxidação, a alma, a ideia não). Então para ele o mundo das ideias é o mais perfeito porque é incorruptível, divino e não se degenera, pois tudo o que pensamos é perfeito, porém os objetos não. Ele dividiu a alma numa parte boa e outra ruim ou do mal, sendo esta mais abundante do que a parte boa. Contudo, aduziu que o modo de superar a parte ruim está em fazer exercícios, praticando virtudes e só assim a parte boa se fortalece, como se fosse uma academia de ginástica para fortalecer os músculos. 
Já Aristóteles, apesar de racionalista, pois estabelece a lógica aristotélica e o método indutivo atribuindo este a Sócrates, voltou-se mais ao mundo corporal ou substancial como algo importante, divergindo de Platão nesse aspecto, pois a essência está na substância, nas coisas, nos fatos e acontecimentos, reconhecendo o mundo sensível e causal, entregando também o conceito de potência e ato, cujo assunto já escrevi.
Platão fala no motor primeiro que é Deus e todas as outras coisas substanciais seria uma cópia degenerada da primeira ideia ou da essência divina. Seria então uma defesa do inatismo?! ou uma gravitação sob a idéia original?! pois todas as coisas seriam cópias ou alterações degeneradas do mundo das ideias.
Aristóteles também fala da passagem da Potência ao Ato e afirmou que deveria haver um primeiro motor. Mas, tudo se move de uma para outra condição (Deus como causa final, movimento por atração).
Então, Platão dividia corpo e alma, sendo o primeiro de caráter material, mutável e corruptível. Já a alma, seria a porção divina do Ser, a parte imutável e perfeita. Aristóteles observava e pensava a matéria, os fatos, a forma, a causa eficiente e final.
Aristóteles colocou Deus na parte final, na frente, por atração, pois viu a essência na substância, nas coisas e então a possibilidade de aprimorá-las através delas (suas essências) até a perfeição, como causa final, Deus, a perfeição das coisas.
Já Platão colocou Deus na causa inicial e dele não podendo se afastar ou melhor, no seu pessimismo de que tudo tende a se degenerar ou cópias imperfeitas. Defendendo de um certo modo o inatismo ou de gravitação sob a forma perfeita do mundo das ideias.
Para os amantes de veículos antigos, Platão tinha um fusca e Aristóteles uma rural ou jeep ford willys, o primeiro com motor atrás impulsionando/empurrando, por dedução, do maior Deus, para o menor decorrente daquele. Já o segundo, com o motor na frente por indução, atração, puxando do menor, as coisas, ao maior Deus. (Mas isso não é um bom comparativo! Certamente faço uma mera descontração!)  
Aristóteles tem seu pensamento voltado às coisas, mais sensitivo, na observação do comportamento e seus fenômenos, talvez tenha se afeiçoado ao empirismo, apesar de ser um racionalista, pois estabeleceu o silogismo e a sua lógica com métodos indutivo, dedutivo. Platão no idealismo teve como fonte ou vê nas ideias, as invenções e habilidades de criar mesmo sem experimento ou demonstração no mundo empírico.
A República idealizada por Platão seguiu nessa linha, ou seja, diminuir o máximo a possibilidade de degeneração. Por exemplo, o alfaiate com o seu dom faria as roupas e sempre seria alfaiate sem mudar de atividade e seus filhos também. Talvez tal requisito da sua república seja o começo da hodierna especialização de funções ou de tarefas. Então, os Governantes deveriam ser de determinada classe dos sábios e nessa república não poderia haver casamentos entre pessoas de classes diversas, por exemplo, os guardiões deviam casar-se na mesma classe. As demais classes (agricultor, escultor, pintor, pedreiros...) também formando casais do mesmo ofício. Contudo, para tornar a república mais perfeita, os governantes, sem que os subalternos, a plebe, soubessem deveriam tornar os casamentos das classes inferiores menos atrativos, evitando a procriação e consequente degeneração da república, enquanto que nas classes superiores os casamentos deveriam ser incentivados e as procriações para tornar a república perfeita.
Quer me parecer que as idéias de Platão e Aristóteles tiveram eco em diversas correntes de pensamentos. Por exemplo no existencialismo, em que uma delas afirma que você é humano por natureza, pois a natureza está na alma, você nasce com todos os atributos, inclusive, imagino que os reinados recorriam a similares preceitos divino. Nascerás como verdadeiro Ser, pois a essência está na alma, eu já sou dotado de uma idéia original, um Ser completo, basta aperfeiçoar o dom nato, seja de cantor, médico, professor, príncipe..., apenas se exercitar para colocar em prática esse dom. Portanto, Platão deu um caráter singular ao Ser, indo no sentido da essência preceder a existência. Por outro lado, a outra corrente do existencialismo parece mais afinada com Aristóteles, pois afirma que você primeiro existe, e que antes você é um nada, depois se faz, se constrói ou fixa sua essência como quiser, então no primeiro caso, a essência de acordo com Platão está na alma e precede a existência, pois você já nasce herói, ou um bandido. Contudo, seguindo Aristóteles, a essência está nas coisas, diz a corrente (e não Aristóteles) que você pode se fazer e depende apenas de ti, você é um ser plural porque tem que observar os fatos as coisas e sua essência pessoal se faz ou se constrói e em ti se fixa, você pode nascer e se tornar bandido, mas pode ainda se transformar de bandido a herói.
Na religião há pensamentos seguindo Platão e também Aristóteles, como exemplo, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Vejamos.
Santo Agostinho adota uma postura ligada a Platão ou neoplatonismo, apesar de suas angústias e preocupação com respostas científicas para a fé: “Agostinho introverteu conceitos de Platão, principalmente quando este define o homem como uma alma que se serve de um corpo, admitindo a idéia de transcendência hierárquica da alma sobre o corpo.” Ele visualiza as sensações: “O erro provém dos juízos que se fazem sobre as sensações e não delas próprias.” (Solilóquios, pág 18).
- São Tomás de Aquino pode ser localizado na doutrina, entre a razão e a fé, procurou conciliar a teologia Cristã com a filosofia, em especial a Aristotélica, num plano mais racional (intelectualismo), ou seja, a conciliação corpo e alma, ao contrário de Platão que afirmava a dicotomia corpo e alma, enquanto Aristóteles dizia que corpo e alma formam juntas as identidades do ser. Seu principal argumento tinha como ideia o movimento primeiro, ou seja, o fato de o mundo estar em movimento foi Deus que causou o primeiro movimento.
Nas artes ou estética, eles divergiam, pois Platão via nas artes a degeneração o afastamento que corrompe a verdade e deseduca, já que é uma imitação, pois o artista não tem conhecimento sobre aquilo que imita, uma vez que a pintura/pintor ao imitar um sapateiro, sem conhecer o ofício de confeccionar o sapato, se afasta dessa virtude ou verdade. O belo para ele está no mundo das idéias e não no mundo concreto, a arte copia a natureza e a verdadeira natureza está no mundo das ideias e a imitada já é uma cópia, não podendo haver um julgamento humano sobre o tema. Criticava o teatro de Homero. Vide meu artigo a verdade: http://utquid.blogspot.com.br/2016/07/a-verdade.html
Para Aristóteles, “a Música é uma disciplina moral e um deleite racional,... o nobre emprego do lazer é o objetivo mais elevado a que um homem pode aspirar;” (Aristóteles, A Política, Livro VIII). Então, segundo ele, a beleza de uma obra, está na proporção, a simetria, a ordem, a justa medida.
Na Política, Aristóteles estabeleceu alguns conselhos, dizendo: “Nas cidades em que há rendas não se deve permitir aos demagogos que distribuam os recursos entre o povo. Os pobres estão sempre recebendo e sempre querendo ganhar mais e mais; conceder esse tipo de auxílio equivalente a encher de água um balde furado... Assim, deve-se tomar medidas que promovam uma prosperidade duradoura;”(P - p. 225). Dizia ele que que o homem é um ser eminentemente social.
Obs. Claro que meu posicionamento não encontra literalidade absoluta em Platão e Aristóteles, senão uma construção, sujeita as imperfeições.

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Dedicatórias de um livro

Entregar este simplório livro é exercitar a felicidade. De fato, ele contém algumas palavras que reputo interessantes e outras que apenas compõem as frases. Contudo, somente as pessoas vividas, seja da tenra idade até aquelas além do tempo médio, mas de apurado discernimento, poderão extrair das frias letras uma luz diversa e melhor do que pude ou nele quisesse expressar. Jamais pretendo fazer com que o leitor se transforme num mero reprodutor das ideias daquilo que escrevo. Nesse sentido, gosto de citar o que já escrevi no texto 45 “O processamento”, pág. 108 do volume I, onde disse:
“Quando eu leio um texto, faço o processamento; quando me alimento, o mesmo ocorre. Quando fabrico um produto também faço um processamento. Mas quando passo o tempo todo lendo ou me alimentando, é evidente que no primeiro caso não penso; no segundo apenas engordo; no terceiro caso, quando apenas fabrico um produto, esqueço de pensar na venda.
Diz Schopenhauer em síntese que, “quando lemos outra pessoa pensa por nós” (pág. 127)! Isso porque a leitura faz com que apenas repetimos (pelos outros) o seu processo mental. Quando lemos em demasia dispensamos grande parte do trabalho de pensar. A leitura nos alivia, pois ela faz com que deixamos de nos ocupar com nossos pensamentos, e fazemos da nossa cabeça durante a leitura uma arena de pensamentos alheios.”
Os meus caros amigos são hábeis tanto pela natureza da alma, quanto pela luta em cultivar virtudes, por isso são dignos de ler grandes obras, mas esta pequena e humilde escrita não deve ser vista na literalidade, mas a partir da alma desses meus estimados leitores que certamente darão uma significância maior do que nas frases que firmam minhas mensagens pude atribuir. Sei que as letras e palavras são apenas linhas que formam as cordas do instrumento leitura, cujas notas e musicalidade será ditado por meus honrados amigos e leitores.
Ler um livro de receitas gastronômicas, aprimoramos o paladar; de ciências contábeis, organizamos nossa economia; de direito, estabelecemos e demarcamos as relações na sociedade; de história, abrimos as janelas do passado e pensamos no presente e futuro; de filosofia atingimos de modo severo a mente ou a razão, perturbando ou exaltando o entendimento, levando o pensamento ao incondicionado toda vez que libertar as categorias de aprendizado da sua limitação tradicional e condicional. Claro, sempre para o bem.
Mas este livro apenas aprimora a amizade que está perto da nossa busca maior, sendo a ponte para a felicidade! Sim, pois a busca maior da pessoa é a amizade para ser feliz! A amizade está muito próxima do amor, desse modo, posso dizer que o amor é mais restrito do que a amizade, sendo esta de maior amplitude. Ou seja, a amizade é o círculo maior, o continente, na qual o amor está contido. Quis dizer que todos aqueles que amamos está dentro do nosso círculo de amizade. Quanto maior a amizade mais amor posso encontrar e cultivar, culminado na felicidade.
Então a amizade enquanto uma ponte, se firma na confiança daqueles que se conhecem reciprocamente nas virtudes. Quanto a amizade se faz pelos vícios, não é amizade, mas qualquer outra coisa instável e perigosa. Vejo virtudes nos meus amigos, pois sem vocês, os verdadeiros obreiros, este livro seria uma pedra bruta a espera para ser polida ou lapidada!
Deixei uma página em branco que representa a vastidão que me falta a ser preenchida pelas vossas sabedorias.
Mas confesso que tenho angústias quando escrevo, pois não consigo expressar minha imaginação, a qual fica saltitando a procura de um leitor que conforte e adivinhe aquilo que quis produzir, pois não sou capaz de surpreender senão pela extração da essência ou espírito do manuscrito, cuja tarefa cabe aos estimados leitores e colaboradores. Obrigado.

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

domingo, 4 de fevereiro de 2018

O Mercador e o Negociante

Perguntei ao Mercador comerciante:  qual a coisa, bem ou produto que você produz? Respondeu me que não produzia nada, apenas explorava a atividade de comércio.  Então me disse que a atividade dele era a intermediação entre o produtor e o consumidor com o intuito de lucro. A partir dessa informação imaginei o quão desnecessário seria o comerciante como mero atravessador. Porém, antes de formar um juízo final, percorri minha cidade e redondezas e observei que a mesma não era autossuficiente em muitas coisas que eu usava, mas tinha fábricas que produziam tipos de produtos que a cidade toda não conseguia consumir. Perguntei ao fabricante para onde iam esses produtos, me disse que sabia de onde vinha determinados negociantes compradores que levavam todo o estoque, mas não sabia quem usava ou consumia. Ora, se não produzimos tudo o que precisamos e se excedemos em determinados bens, necessitamos de outras pessoas que não são hábeis noutras profissões, que se ocupem em negociar (negar o ócio - negócio) e que tragam de outras ou levem destas cidades aquilo que nos carece e o que nos sobra. Se o agricultor, que produz o alimento ou os produtos que servem de base ou insumos para outros processados, devesse ele mesmo vender, ficaria muito tempo sentado na praça pública, sem se ocupar da sua atividade (Platão, a República, ed. Martin Clarete, 2004. pág. 58). Então essa necessidade fará surgir tanto os mercadores na própria cidade para serem intermediários na compra e venda, ao passo que os que viajam pelas cidades regulando esse fluxo dos bens e produtos são os negociantes.

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira