segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

A Imitação

Procuramos a inovação, criação, reinvenção, porém, não pensem que somos sempre criadores. Claro que podemos muito, pois já disse isso no texto “Sei que sei, mas não sei do que sei”. 
Somos em regra apenas ornamentadores das coisas conhecidas. Contudo, podemos lançar um novo olhar sobre o existente, como por exemplo, qualificar a Democracia em “visível e legível”. Algumas profissões estão no campo da criação/invenção e outras mais para a repetição e reprodução, ou mesmo na imitação. O Direito atua mais no campo da proteção (Vide o texto, O Efeito Sombra do Direito).
Como diria Pierre BOURDIEU, nós viemos de um sistema Escolar, onde há a repetição dos estereótipos (reproduzir).
Toda cultura escolar é necessariamente homogeneizada e ritualizada, isto é, rotinizada pela e para a rotina do Trab. Escolar, a repetição dos estereótipos  (reproduzir).  Todo SE (sistema escolar) detém necessariamente o monopólio da produção dos agentes encarregados  de reproduzi-los formando novos reprodutores, e envolve a tendência à auto-reprodução perfeita (inércia).   A perpetuidade da rotina sem a novidade.”
São pouco os que criam, e outros pretendem ser chamados de excelências (como o relógio Big Ben, marcando as horas repetidamente e com perfeição), mas somente imitam ou reproduzem o existente. Brilhante aquele que criou a lâmpada, ou quem dividiu o átomo como fez outro gênio. Algumas profissões são facilitadoras, ou participam de inventos de menor significância. Portanto, são muitos os que sabem ser apenas facilitadores dos cidadãos e de até alguns gênios em suas relações, quando sobre elas pairarem obscuras e conflituosas relações. Já que “Aristóteles distingue entre ciências teóricas, ou sobre a razão; ciências produtivas que visam à técnicas de bem-estar; e ciências práticas entre as quais se contam a Política cujo o objeto é o interesse comum e governo da cidade.” (33)
Mas nem tudo está perdido, ante a imitação ou reprodução! Podemos nos espelhar no que Maquiavel disse: “Porque os homens. Quase sempre, caminham por estradas batidas por outros e agem por imitação. Mesmo sem conseguir repetir completamente as mesmas experiências, nem acrescentar as virtudes de quem imita, deve um homem prudente utilizar os caminhos já traçados pelos grandes. Sendo excelentíssimo imitador, se não alcançar o sucesso, que, ao menos, aprenda alguma coisa.”
Se não estiveres tão preparado para reinar, certamente não terás um reino, mesmo que tenhas as qualidades de Hierão de Siracusa. Mas sempre poderá participar do sistema Democrático visível, pois já está “centrado no povo”, ou seja, Aristóteles afirmou:“por um determinado ponto de vista, governar e ser governado é a mesma coisa.” (257). Portanto, imitamos a democracia antiga, porém, inovando e lançando novo olhar sobre os pontos obscuros e contraditórios.
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira
Referente:

BOURDIEU, Pierre & PASSERON, Jean Claude. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: F. Alves, 1982. p.15-75.

Um comentário:

  1. Esse texto espelha meu desabafo contra os que se dizem sábios. Lêem, escrevem um livro ou dão lições e se dizem doutores! Muitos fazem sem qualquer criação, avocando como sapiência própria sobre o já existente, ou seja, tão somente imitando, reproduzindo.

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