terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O Animado e o Inanimado – os Vícios, a Corrupção.

Somente aquilo que se move de dentro é animado; aquilo que se move de fora é inanimado. O carro de boi é inanimado, pois se move com semoventes. Somos animados se tivermos o nosso próprio movimento – sem dependência. Mas observo que a alma é imortal porque ela não teve um início, um princípio. E tudo aquilo que não teve início/princípio ou não se formou (corpo) não pode ser destruído.
O movimento da alma tende a imortalidade. Portanto, a alma move a si mesma, é um bem em si, que não depende de outro (independente). Mas o que move uma coisa e por outra é movida anula-se, uma vez terminado o movimento da outra. A alma não é movida por outras coisas, logo seu movimento nunca termina. O corpo tem um início-princípio, servindo de instrumento da alma, como teve um início, tendo um movimento de dentro sendo animado, porém, com o tempo convergem no corpo o animado, este que contém autonomia, e o inanimado aquele tomado pela velhice ou doença, se estabelecendo e anulando o movimento. Portanto, acontece uma luta entre o animado e o inanimado, cujo tempo faz com que o corpo venha perder o movimento sendo destruído. O Estado tem um corpo, cuja nação a alma. A nação não teve princípio senão apenas um movimento. O corpo do Estado teve um início com os fatos, registros, e a Constituição e consequente reconhecimento internacional. O movimento do Estado se dá pela Estrutura Orgânica (os Órgãos) e é animado porque se move de dentro. Independente é aquilo que não teve princípio/início. A nação é imortal, pois ela é uma idéia-geral e não se pode estabelecer um início exato, ou seja, liga-se naturalmente sem um marco ou fato certo, portanto, independente. Como a alma, não é possível identificar no tempo uma nação. O Brasil enquanto Estado-corpo teve um princípio. A nação brasileira certamente não, pois derivou das ideias de alguns homens que por palavras, laços, sinais, toques, costumes e tradições, tiveram a vontade de descobrir novos continentes, formando um novo Estado, um corpo. Como dito, o estado é um corpo animado, um fato, uma constituição e é independente porque possui alma (a nação). Com o princípio, pela Constituição, o Estado passa a ter movimento, ele é animado, como acima dito, pelos seus Órgãos. Os órgãos não são independentes, mas autônomos nas funções, umas essenciais outras não. Como na vida humana, os vícios corroem os Órgãos do Estado, adoecendo o corpo e maculando a alma (nação). Assim, cada Órgão deve exercer sua autonomia dentro de sua função, porém, o Estado é quem detém o movimento animado (isso também ocorre no organismo humano, onde a pessoa, o todo, detém o movimento, não o coração ou o cérebro de per si). O Estado detém a íntegra do bem público e os Órgãos as parcelas. Quando o Estado e a Nação convergem há um grande reconhecimento universal e o direito das gentes se consolida. Mas se o estado se corrompe, o corpo enfraquece e alma (nação) fica maculada, perdendo o reconhecimento. A corrupção muitas vezes está representada por elemento com movimentos vindo de fora, tornando o corpo inanimado, pois extraí ou anula o bom movimento. Em regra, a corrupção começa a se instaurar nos Órgãos mal compostos cujos elementos/pessoas/corpos estranhos possuem movimentos viciados preponderantemente externos, ou seja, são poucos animados objetivando a destruição do animado. Após se instaurarem os sintomas, tornam-se difícil de identificar os bons movimentos, aqueles vindos de dentro. Certamente, os elementos viciados são colocados nos Órgãos como instrumentos que servem também a outros elementos com similares características sintomáticas (malfeitores), fazendo com que os órgãos fiquem sem autonomia. São movimentos irregulares contrários aos movimentos regulamentares (contrário ao bom movimento das leis). Com o devido respeito aos irracionais, são seres semoventes a serviços das transações realizadas como o patrimônio público em geral, e muitas vezes contentam-se em alimentar-se de pasto.
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira
Referente: Platão – Fedro, pag. 82.

2 comentários:

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  2. Procurei demonstrar que o movimento próprio difere os corpos autônomos dos demais corpos tuteladas ou dependentes. Que a imortalidade da alma reside em ela mover a si mesma, sem uma causa temporal determinada. Nos corpos há uma eterna luta o animado contra o inanimado enquanto velhice. Procurei demonstrar que uma nação/pátria deve ser uma alma uma idéia-geral laços de povos e não uma bagunça desordenada de qualquer um. E que a corrupção atinge profundamente o animado.

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