terça-feira, 27 de março de 2018

Das coisas proibidas e as permitidas


Das coisas universais umas são proibidas, outras permitidas. Algumas coisas, substâncias ou bens, são universais, mas podendo ser regionalmente proibidas num local e permitidas noutros. Algumas afetam todos e de modo universal e outras são restritas. As coisas ou elementos universais mais abundantes são a terra, o fogo, a água e o ar, e quando delimitam pessoas, coletividades, ou ultrapassam fronteiras e continentes, devem ser supervisionadas, especialmente por todos através de governos, pois são no mínimo um meio pelo qual podem levar as necessidades ou abundâncias. O instrumento de proibição que controla as coisas e pessoas em regra é a Lei, umas proíbem, outras até proíbem proibir, bem como proíbem permitir e grande parte delas são de conteúdo negativo para que a liberdade seja geral em determinados pontos, especialmente no que diz respeito ao bem maior que é a vida (ex. matar alguém, pena de x anos). A proteção da vida individual e coletiva se torna o primeiro marco regulador das permissões e proibições. Depois vem outros bens, coisas ou substâncias que aparecem diante dos marcos reguladores das condutas e ações humanas. Notamos que a maioria das normas de proibições incidem sobre as coisas materiais. Diríamos que incidem sobre a alma material que conceituo como aquilo que é dominado pelos cinco sentidos, pois em regra estão relacionados com a percepção do meio interno e externo e para alguns filósofos as coisas só existem em funções deles que são o olfato, paladar, visão, audição e tato. O meio interno e o externo proporcionam uma grande variedade de sensações, podendo para uns ter intensidades diferenciadas de indivíduo para indivíduo, (como o vinho que é mais apreciado e degustado moderadamente após transcorrida a juventude, segundo o antigo deus grego Dionísio), que são percebidas através do nosso sistema nervoso que terminam ou se conectam nos nossos órgãos dos sentidos e geralmente incidem sobre as coisas. Quando ando na floresta elevo meus sentidos, seja pelo perfume e cores das flores, ou o aroma das folhas e galhos, também pelo frescor das sombras, o brilho, o som das águas e me sinto bem. Vale ressaltar que os órgãos se constroem e se destroem pelo fator tempo e ou antecipadamente pelo seu mau uso ou por moléstias. Então, a causa final do nariz (olfato) não é somente para suportar os óculos e as orelhas (audição) para carregar brincos, os dedos (tato) para os anéis, os olhos para circunscrever em cores de tinta, a boca para ornamentar de cores e piercing ou discursar. Portanto, nesses quesitos estamos cordatos que a causa final deve ser preservada e toda proibição ou permissão deve ser mantida dentro dos graus que não pervertam nossas faculdades. Todas as coisas e substâncias que pervertam ou favoreçam essa verdade universal podem ser regradas, pois tem substâncias, coisas e bens que destoam disso. Contudo, temos outras de caráter externo vindo da natureza e dos outros seres que também nos afetam, por exemplo o meio ambiente desajustado de um modo geral, mas também a calúnia, difamação, a falta de ética e moral e os maus costumes. Já a alma puramente espiritual, onde se encontram as idéias, a razão e quando residir apenas no plano volitivo sem que haja exteriorização pelos sentidos, não é dado proibir nem permitir, tão pouco doutrinar, senão educar, pois somente um sistema de governo totalitário pensa em regrar o espírito do povo. Mas a exceção disso decorre que a vontade, o desejo, ainda no plano imaterial, deve ser controlado pela razão com uma boa formação, para que evitemos a tragédia e estimularmos as realizações individuais e coletivas no campo intelectual e material.
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

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