quinta-feira, 22 de setembro de 2016

A Corrupção

Temos duas formas de encarar a corrupção. Uma delas em fazer discursos atribuindo esse evento danoso ao plano social, utilizando-se de um método sociológico, dizendo que é um problema social decorrente de um povo deseducado, explorado, etc., e que se não educar o povo não há como resolver esse dilema exclusivo da sociedade! Ou seja, a solução vem da sociedade para o indivíduo!
Bem, exageradamente, poderíamos dizer então que primeiro deveríamos todos cumprir pena juntamente com os corruptos e sermos coletivamente educados! Sim, pois de uma forma ou outra já somos punidos, veja nossa tributação que empobrece nosso poder aquisitivo, entre outras punições que sofremos diariamente de modo inconsciente.
O que me chama a atenção decorre do fato de que determinados pensadores vêm com suas falácias, apontando de uma maneira sutil e indireta que a corrupção é um problema social! Que ela está na sociedade, tendo como causa o povo deseducado! Sim, não negamos esse fato. Sabemos ainda que determinados países o seu povo antes foi educado, a partir daí alcançando resultados de excelência no combate a corrupção. Contudo, ao nos fixarmos apenas nisso, diríamos que somente após curar a sociedade é que baniríamos a corrupção. Nessa toada começaríamos a defender, como noutros textos escrevi que "para curar a baleia teríamos que sanear o oceano" e me inclinaria em participar de um movimento sanitarista da política, ou seja, primeiro sanear a endemia da corrupção na sociedade, depois punir o indivíduo político já que este é fruto e ao mesmo tempo vítima do sistema! Se assim fosse deveríamos revogar as leis penais e eleitorais e voltar-se em educar o povo. Em assim pensando, culparia a sociedade pelo crime e não o elemento degenerado; Culparíamos ainda os pais pelos filhos infratores e não estes e a responsabilidade seria apenas de “o todo” coletivo e não da parte criminosa. Insisto, isso seria uma solução? Na teoria até poderia ser! Desse modo minha matriz política estaria voltada à teoria social, ou socialismo, me filiaria na corrente da responsabilidade coletiva e focaria até no gênero (enquanto diferenças sociais)! Contudo, penso de modo diferente e diria que não é o todo (o coletivismo ou sociologismo) nem a parte (psicologismo) que terão as respostas perfeitas. Por outro lado, tenho certeza que num país em que a corrupção aparece, primeiramente teremos que curar o indivíduo corrupto através da aplicação de instrumentos legais, para que ele possa entender que esse mal não compensa, pois causa danos à sociedade.
Mas não penso apenas nesse sentido, também me filio noutro tipo de sociedade que surge independente do indivíduo, e na fixação dos fins que reside no Estado, este enquanto composição! Por isso, minha sociedade tem certos traços e formas que Emile Durkheim descreveu sobre ela, onde me referi no texto Sobre a Sociedade, o Estado, o Povo http://utquid.blogspot.com.br/2016/01/sobre-sociedade-o-estado-o-povo.html : “Desse modo, me leva a raciocinar que “numa sociedade o grupo pensa e age diferente do que seria se seus membros estivessem isolados.” Como o hidrogênio bruto extraído de uma célula, que por si só não explica essa vida. Portanto, um Estado pode ser a melhor parte de seu povo, seja na administração, ética, moral, progresso, evolução, etc, ainda que seu povo assim não seja. A biologia e as ciências físico-químicas são tal como ocorre entre a psicologia (o indivíduo) e a sociologia em que apenas o indivíduo em si mesmo não define a sociedade.”. Assim como, é o individuo que compõe a sociedade, todavia, os fins ou os pensamentos dos indivíduos e da sociedade podem não ser os mesmos e penso que o Estado tem um fim ético e moral, ainda que as partes assim não sejam. Nessa mesma linha, fundamentada no pensamento de Platão, vide o que me referi no titulo “Localizando os Corruptos. No Gênero ou na Espécie” (http://utquid.blogspot.com.br/2016/02/localizando-os-corruptos-no-genero-ou.html.)  Posso dizer então que localizar a corrupção dentro do gênero e da espécie humana, é mais difícil do que localizar no corpo, porém, mais adequado ainda é cuidar da alma (no sentido de mente), vejamos: Assim, a corrupção no corpo não pode ser combatida, mas enquanto na alma, para evitar a corrupção, tenho que exercitar a parte boa, tal como exercito meus músculos, facilitando os movimentos e combatendo o sedentarismo. Ao exercitar a parte melhor da alma é que diminuo a parte ruim, onde se localiza o núcleo corruptível. Portanto, não posso combater a matéria ou ser corrupto enquanto corpo ou composição, seja no gênero ou na espécie, pois ela pode se eternizar, sendo imperecível, senão afugentar ou ofuscar a parte ruim da alma. Concluo que a corrupção deve ser combatida no indivíduo, em especial, na sua alma para afugentar esse mal que afeta a nação, ou seja, começo primeiro no individuo alimentando de boas virtudes sua alma, pois começar da sociedade rumo ao individuo, trata-se de um método sociológico, mas este também pode ser utilizado, desde que esteja isento de ideologias corruptas, uma vez que inúmeros métodos sociológicos carregam ideologias de adestramentos coletivos no qual a corrupção funciona como instrumento de poder. Ao contrário, na alma a corrupção pode ser diminuída, enquanto retirado o excesso presente no seu núcleo corruptível. “Somente restará exercitar a parte melhor da alma do Ser, como advertiu Platão, para superar a superabundância da pior, procurando rotineiramente inculcar virtudes nas pessoas”.
Finalizo, dizendo que primeiro se faz profilaxia no individual rumo ao Coletivo. Por outro lado, o Estado está distante dessas duas matrizes (individual ou coletiva), uma vez que não é o individuo corrupto por si só que constitui e  afeta o Estado, pois este deriva de uma composição de elementos que define os seus fins enquanto Estado e que difere daqueles, devendo este ser a parte imaculada e blindada por normas em proteção ao bem comum que tanto necessitamos. Simples assim!
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

(texto sujeito a mudanças e correções) 

Um comentário:

  1. Postei a matéria acima sem perceber que era o meu rascunho ainda em construção. Assim, fiz ajustes para poder facilitar a compreensão, e amanhã examinarei novamente.

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