domingo, 4 de fevereiro de 2018

O Mercador e o Negociante

Perguntei ao Mercador comerciante:  qual a coisa, bem ou produto que você produz? Respondeu me que não produzia nada, apenas explorava a atividade de comércio.  Então me disse que a atividade dele era a intermediação entre o produtor e o consumidor com o intuito de lucro. A partir dessa informação imaginei o quão desnecessário seria o comerciante como mero atravessador. Porém, antes de formar um juízo final, percorri minha cidade e redondezas e observei que a mesma não era autossuficiente em muitas coisas que eu usava, mas tinha fábricas que produziam tipos de produtos que a cidade toda não conseguia consumir. Perguntei ao fabricante para onde iam esses produtos, me disse que sabia de onde vinha determinados negociantes compradores que levavam todo o estoque, mas não sabia quem usava ou consumia. Ora, se não produzimos tudo o que precisamos e se excedemos em determinados bens, necessitamos de outras pessoas que não são hábeis noutras profissões, que se ocupem em negociar (negar o ócio - negócio) e que tragam de outras ou levem destas cidades aquilo que nos carece e o que nos sobra. Se o agricultor, que produz o alimento ou os produtos que servem de base ou insumos para outros processados, devesse ele mesmo vender, ficaria muito tempo sentado na praça pública, sem se ocupar da sua atividade (Platão, a República, ed. Martin Clarete, 2004. pág. 58). Então essa necessidade fará surgir tanto os mercadores na própria cidade para serem intermediários na compra e venda, ao passo que os que viajam pelas cidades regulando esse fluxo dos bens e produtos são os negociantes.

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

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