sexta-feira, 6 de maio de 2016

A Origem Ideal e Material da Cadeia da Igualdade

Mas se quiser ser feliz apenas consigo mesmo, fuja para uma montanha, uma ilha (ou lugar ermo) de difícil acesso. A montanha ou esse lugar ermo vai lhe transformar, pois o conhecimento virá das coisas contidas na natureza e se quiser aprenderá apenas por necessidade orgânica. Você não será criticado, já que sozinho se sustentará e se moverá tão somente pela natureza. Contudo, não se esqueça que também poderá chegar nesse lugar algum idealista estabelecendo a prosperidade. Sim, dotado de idéias provindas do conhecimento que incidem sobre as coisas, transformando a montanha num lugar de negócios e oportunidades, integrando essa parte isolada, agora ao capitalismo global. O recém chegado extrairá a madeira, as pedras de mármore, ouro ou outros produtos economicamente aprazível, cultivando plantas, podendo edificar castelos para fins comerciais ou de turismo, e você diante dessas novas coisas se sentirá novamente unido/integrado ao mundo.
Mas isso por si só não será o único perigo. Num dado instante poderá chegar um materialista e dizer que ele pertence à terra (a montanha) e que (a terra) este planeta não pertence a ninguém, mas sim de todos, um local comum. Dirá que tudo o que foi extraído da terra se constitui no resultado de um roubo contra a vítima natureza e, por conseguinte, atentando contra as vidas humanas atuais e as que vierem a ser concebidas. A vantagem de você ter chegado primeiro à montanha está no fato de que ele não poderá incriminar sua pessoa, dizendo que até então o que acumulou foi fruto da exploração do trabalho alheio, uma vez que estava só. Essa é a vantagem contra injuria e difamação ideológica da alegada apropriação com a exploração do trabalho de outrem.
Contudo, de qualquer modo, o fruto do seu esforço proveniente da prosperidade natural e também daqueles que por último se estabeleceram, integrarão o monte de bens e coisas a ser partilhado, com ou sem exploração alheia, pois terá como fundamento o aludido crime contra a natureza por si só. Por óbvio, com base nessa dita dialética de que a terra não pertence a ninguém esse militante dirá que por tal razão que o produto assim extraído também a ele pertence! Todavia, se chegarem ao mesmo tempo muitos socialista (materialista), a natureza não será suficiente para produzir de modo temporal a quantidade de bens e produtos necessários à todos, e a tecnologia, as novas ideias serão necessárias.
Ocorre que alcançarão o esgotamento das coisas diante do finito material desse determinado espaço e tempo para sobreviver na montanha. Notório que as necessidades dos corpos humanos são determinadas pelas Leis naturais decorrentes da boa evolução, vindo lentamente há milhões de anos. Mas a natureza organizou e dividiu as demais coisas de que basicamente dependemos, em espécies, seja em animais e vegetais, colocando em cadeias de ordem produtiva, reprodutiva, vida, morte, com determinação de local/espaço, tempo e de relações materiais entre os corpos. Disso decorre que somente as técnicas e a ciência podem interferir na natureza de maneira procedimental e sem danos, pois essa parte provém das idéias, que está além do mundo material, não encontrando limites nele, senão no conhecimento.
Portanto, sem esse pressuposto do conhecimento, tudo o que dividirem em comum será escasso. Em pouco tempo clamarás para que cheguem alguns humanos com novas tecnologias sobre as coisas. Com instrumentos de conhecimento para que possa alterar a natureza a tornando mais eficiente, recolocando a terra limitada diante do infinito mundo da ciência e tecnologias, transformando ou criando coisas e bem estar não produzido diretamente, no seu modo natural de tempo e espaço. Sabido, que milenarmente as coisas dadas pela natureza foram cronometrados em quantidade e qualidade então suficientes aos autóctones e respectivo bioma pela antiga mãe natureza.
Aqui o que quis dizer resume-se numa macrovisão ideológica e que não vivemos sem a cooperação material ou ideal. No mundo intelectual é possível fazer das coisas finitas uma ideia multiplicadora (colocando o mundo das coisas no incondicionado). No entanto, vivemos no mundo material e é ele que nos movimenta.
Não paramos aqui.
Então, você já pensou de onde veio, com quem vive e quem são seus ascendentes?
A resposta é simples, estamos envolvidos numa cadeia humana condicionada e você é parente consangüíneo de muita gente!!!
Em verdade, primeiro vim de um pai e mãe e então dependi de 2 (duas) pessoas para estar aqui, em determinado tempo e espaço, tendo origem em famílias supostamente  diferentes que convergiram em mim e também divergiram em outras linhas de gene que no futuro poderão partilhar com nossos descendentes. No entanto, isso não pára numa simples cadeia de ligações, pois nossos pais tiveram os pais deles, os avos. Assim, já são 4 (quatro) pessoas diferentes, que por sua vez cada um teve 2 (dois) pais cada (os bisavós), totalizando 8 (oito) das quais dependemos para estar aqui. Ou seja, sempre dobrando o número de pessoas que somos interligadas diretamente, fora as linhas colaterais. Então, de modo simples, você pode não ser parente de todos, mas terá inúmeros parentes, muitas vezes desconhecidamente ao seu lado, cuja origem poderá estar na rede de convergência e na divergência desses mesmos genes que possivelmente farão novas convergências com nossos descendentes. Portanto, temos ligações humanas de todas as origens genealógicas, em gênero, número, grau, com as mais variadas características e qualidades, alto, baixo, feio, bonitos, cabelos e peles diferentes ou iguais, pobres e ricos, instruídos ou não.
Assim sendo, permito falar a vocês algumas coisas daquilo que eu gostaria que me dissessem para ouvir, pois são meus próximos:
Nos dias em que eu esteja idiota, educadamente me digam, “você está idiota”;
Quando eu defender acima da vida ou da amizade uma religião, time de futebol ou partido político, me diga, “você está sendo fanático”;
Quando me tornar simples militante de uma idéia política e sobreviver do dinheiro de todos e de verbas subtraídas do Estado, sem o trabalho proporcional aos meus esforços, inteligência ou dignidade das conquistas, ao lado da corrupção e demais crimes, me diga: “você é conivente, mas pode se penitenciar”; Somos de uma forma ou de outra, irmãos;
Que também me diga, você pode ajudar o outro com coisas úteis, com seu trabalho intelectual, manual, técnico, científico, de produção, e demais formas transformadoras.
Que me diga ainda: uma pátria boa começa pelas crianças bem cuidadas e educadas;
Que entenda que uma pátria que doa apenas papel moeda aos necessitados faz a simples caridade empobrecedora e formadora de uma nova aristocracia de tutelandos seja capitalista ou socialista.
Que depois de longos anos de bom viver, quando morrer, ouvir com sinceridade, “você está morto”, pois de tão bom estar aqui, posso não lembrar esse evento!
Portanto: Sonho com o dia em que todos se levantarão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos.” 

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

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