Neste
dia do Advogado, profissão que exerci desde 28/03/1985 e ainda estou autorizado
a exercer, registro que hoje nada escreverei, pois é minha folga para comemorar!
No entanto, transcrevo um texto que retirei do meu dicionário jurídico.
Chamo
a atenção aos Colegas da AGU- Advocacia-Geral da União para que reflitam sobre a
atuação dos membros dessa relevante e essencial função Constitucional:
“Juristas e Tiranos. Não há talvez profissão cujos membros
hajam escrito mais a respeito dela mesma ou deles próprios do que a Advocacia.
E isto se explica facilmente se considerarmos que o advogado sempre esteve
ligado à vida política e tomou parte em grandes acontecimentos históricos em todas
as épocas e países. Mas deduzir daí que ele sempre foi um defensor da liberdade
ou da democracia, é completamente errado. Está concepção pertence a uma visão
romântica da Advocacia, que infelizmente hoje vai desaparecendo para dar lugar
a uma conceituação do advogado como defensor de interesses. Historicamente, o
advogado ou o jurista sempre foi defensor tanto da Liberdade como da Tirania. Tanto
os regimes Democráticos como as tiranias políticas sempre contaram com o
jurista para emoldurar o regime. Tocqueville em página magistral dos seus
"Fragmentos Históricos Sobre a Revolução Francesa" já notara que o
jurista dá ao déspota um sistema para sua vontade arbitrária, um sabor de
método e Ciência para o governo, e que onde as duas forças se cruzam, aparece
um irrespirável despotismo. Diz mais ainda que quem conhece o príncipe sem o jurista
que está por trás só conhece uma parte da tirania. Não há nada de surpreendente
neste fato, se considerarmos que o jurista pertence a uma determinada classe cujos
interesses defende Consciente ou
inconscientemente como qualquer
outro membro desta Classe, e que por formação é um elemento conservador,
avesso a mudanças e com uma concepção legalista da vida social, uma concepção
de caráter formal. Mas, poder-se-á objetar, houve Juristas que defenderam
interesses contrários aos da classe a que pertenciam, que protestaram contra toda
violência ou ilegalidade, que lutaram
contra todos os regimes de Tirania. Mas esses sempre foram a minoria, exceção que confirma a regra, e por
isto mesmo grandes democratas cujo nome a historia guardou, porque a grande
maioria adere ou se cala, conformando-se em reconhecer o poder por ser poder, partindo
dai para diante. De forma que Continuar dizendo que o jurista é por definição um
partidário da liberdade não passa de hipocrisia ou desconhecimento dos fatos.
Nossa época não admite mais uma mística do jurista sob a máscara do direito. O que
vale é o homem, é ele que ilustra a profissão que escolheu.” (Enciclopédia do Advogado, Editora Rio 3ª ed, p. 211).
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira
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