De um modo leigo poderíamos aduzir que as funções do
corpo são sensoriais, uma vez que todos nossos membros podem ser movidos pelos
objetos perceptíveis aos sentidos, sem ajuda da alma. Sim, agora entra em
cena a vontade, pois existe até os sistemas nervosos autônomos, que agem até
sem nossa vontade, pela ação dos nervos que servem os sentidos. A medicina pode me corrigir! Já as percepções da alma estão nos pensamentos, uns são ações da
alma e outros das suas paixões. Determinadas ações da alma acabam na própria
alma, sem qualquer conexão material, o amor a Deus, por exemplo. Mas outras
terminam no corpo, como exemplo, minha vontade de caminhar que exerce sobre as
pernas e começo a andar.
Também, as percepções que tem origem na alma, podem
conter a simples imaginação. A imaginação em regra é causada pelo corpo, o
sonho, por exemplo, em regra termina no próprio corpo, por isso os animais
podem sonhar, pois a imaginação como disse em textos anteriores, está despida
da vontade, obviamente, algumas dessas imaginações podem ser paixões da alma
(como os artistas).
Quando a vontade converge com a percepção dá origem à
paixão, podendo se transformar em ação. Assim, por exemplo, uma emoção é
produzida pelo sujeito enquanto que uma paixão é sofrida pelo sujeito. A paixão
é exercida pelo objeto sobre nós (a estética/belo corporal pode provocar a
paixão). Mas as paixões podem ser mantidas e amplificadas por alguns movimentos
do nosso corpo, ou seja, causas mecânicas/orgânicas.
Assim, a paixão necessariamente deve ser controlada pela razão/pensamento, pois passa a se exteriorizar, e num relacionamento a pessoa com paixão pode se tornar apenas um sujeito passivo, pois se não for também praticado o amor que lhe pertence na alma, sofrerá uma paixão passiva (de sofrimentos).
Assim, a paixão necessariamente deve ser controlada pela razão/pensamento, pois passa a se exteriorizar, e num relacionamento a pessoa com paixão pode se tornar apenas um sujeito passivo, pois se não for também praticado o amor que lhe pertence na alma, sofrerá uma paixão passiva (de sofrimentos).
Aqui fiz uma pequena distinção entre amor e paixão. O
amor puro acaba ou reside sempre na alma, as paixões podem se transformar em
ação do corpo e alma, e somos quase sempre sujeitos passivos das paixões!
O Amor - O verdadeiro amor do casal não é apenas
do corpo imbuído de paixões e ações, mas da alma também. Os desejos físicos são
contingências de um amor complexo, que podem ser verdadeiros em certas circunstâncias
ou desorientados em outras. Portanto, ao analisar a relação conjugal será tal
como observar um conjunto composto de elementos. O único amor simples é o
celestial que apenas reside na alma que difere do composto (disso já falei!). A
primeira indução quer significar que entre o homem e a mulher poderão existir
momentos em que os desejos físicos podem ser ofuscados, até mesmo pelo anseio
de dúvidas ou ciúmes decorrentes de paixões desprovidas do amor e da razão. No
entanto, se esse desejo de outra relação for um desejo meramente corporal,
apenas da paixão, necessariamente não haverá a segura dedução que estabeleça
isso como verdade final de que o amor complexo (acrescido da alma desapareceu),
uma vez que os demais vínculos de amor poderão restabelecer a relação original.
Então, encare a situação com sabedoria, procure efetuar uma análise do fato,
decompondo-o, pois o resultado será o entendimento que passa pela compreensão e
razão. Então, procuramos corrigir os erros de que o simples sentido pode
incorrer, uma vez que já deduzi que um dos sentidos a estética do objeto
desejado, pode enganar o todo composto, levando a ações indesejadas. Pelo
exterior a beleza do objeto corporal representa partes e não a coisa em si.
O amor de pais e filhos - Também é complexo, porém, mais simples do que o praticado entre o
casal, entre o marido e mulher existe o amor corporal (substancial) dos desejos
que estará presente acrescido de paixões.
O amor em relação aos filhos é mais puro e menos
complexo, mas ao contrário da paixão, estará presente a emoção que é produzida
pelo sujeito (os pais) enquanto que uma paixão é sofrida pelo sujeito. E muito
pouca interferência material existe, nem o belo para si próprio, mas o de orgulho
e admiração de certo modo desprovido de paixões. Mas a relação pais e
filhos também pairam uma complexidade material/corporal, mas de diferente
ordem. Neste amor os desejos do corpo e alma em busca da “outra parte” que os
filhos seguramente irão possuir para fins do mais alto grau do amor completo no
plano terreno, trata-se de uma conexão a porvir. Portanto, o amor de pais e
filhos é de preparação, sempre no sentido de suas liberdades para novas
conexões de seus amores e paixões.
Na verdade já opinei em textos anteriores sobre o homem
primordial, completo em si mesmo e que sempre procuramos a outra parte e os
filhos assim repetirão a missão que também tivemos, por todo o tempo vindouro.
Observo que neste texto em que falo do amor, não terei
mais sorte do que nos demais temas, pois as paixões que eu poderia conceituar
podem tirar minha razão, e os que me querem criticar que apreciem o livro de
Descartes (As Paixões da Alma) o qual saberá conceituar mais do que eu pude!
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira
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