terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Confissões ao Leão

No mês de março e abril é tempo de visitar a selva e encontrar o Leão, declarar a ele minha indignação (IRPF)!
Na última conversa que tive com ele, para que não se zangasse, disse que iria entregar parte de mim. Na verdade eram minhas rendas que iria passá-las em forma de sobras de animal, pois derivou de um brutal e animalesco esforço.
Informei a ele que queria entregar apenas parte de minhas rendas (a camisa), mas ele me disse que  se interessa pelo corpo todo, enquanto totalização dos meus bens!
Indaguei-lhe: como devoras com tanto apetite?
E imediatamente lhe disse que se assim continuasse iria acabar com sua cadeia alimentar. Retrucou-me, dizendo: Lembras o que escreveu sobre “A Vontade, a Continuidade e a Indestrutibilidade.” Pois então, vocês são imperecíveis enquanto espécie! Aduziu: Eu poupo alguns para manter minha cadeia alimentar, por exemplo, os menores dependentes, mas quando crescerem e produzirem serão alvo assim como você!
Respondeu-me ainda ter um Séquito enorme e para se manter no poder selvagem, deve comandar oferecendo alimentos em abundancia aos protegidos.
Confessei minhas virtudes, todas elas de ordem negativa, ou seja, precedidas da palavra “não”: Não possuo conta no exterior; não sou corrupto; não tenho dólares guardados; não, não... Todavia me respondeu que para ele interessa respostas positivas precedidas do Ter, pouco importando o Ser ou Estar das qualidades e virtudes, ou seja: Ter rendas; ter bens; ter... (corpo), pois me disse que a verdade ou mentira sobre o “não” que argumentei, constitui uma atribuição dos “lobos” em investigar já que possuem um bom faro e sobrevivem dessas virtudes selvagens, localizando alvos fora do olhar imediato.
Assim, irei declarar todo o meu “monte” de bens!
Na verdade Esopo (209) já havia ensinado isso, me alertando que: O Leão, um burro e a raposa se tornaram sócios. Depois de ter apanhado muita caça o Leão ordenou ao burro que dividisse a caça e o burro dividiu em três partes iguais e pediu que o Leão escolhesse a sua. O Leão furioso devorou o burro e em seguida ordenou que a raposa fizesse a divisão. A raposa colocou tudo sobre um só monte, reservando para si apenas uns poucos restos e pediu para que o Leão escolhesse. Imediatamente o Leão perguntou quem lhe ensinara dividir assim, a raposa respondeu: “A desgraça do burro”!

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Um comentário:

  1. Notamos que dividir não significa separar em partes iguais. O ensinamento consiste em dizer que a divisão somente é justa quanto for proporcional aos esforços de quem recebe a parte. No que se refere ao Leão do imposto de renda, a alegoria demonstra várias facetas, a cadeia alimentar da receita, bem como, ao IR interessa respostas positivas precedidas do Ter, pouco importando o Ser ou Estar das qualidades e virtudes, ou seja: Ter rendas; ter bens; ter... (corpo).

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