quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Localizando os Corruptos. No Gênero ou na Espécie?!

Procuramos extirpar a corrupção. Raciocinamos:
Notamos que todas as coisas pertencem primeiramente ao gênero depois a espécie.
(Aqui não sei se estou adentrando no mundo de Platão que dividia corpo e alma. Sendo o primeiro de caráter material, mutável e corruptível. Já a alma, seria a porção divina do Ser, a parte imutável e perfeita. Ou até mesmo em Aristóteles que observava e pensava a matéria, os fatos, a forma, a causa eficiente e final.)
Doravante, o Gênero, a Espécie das coisas e as virtudes da alma, darão suporte ao meu tema.
Então seguirei expondo abaixo.
Se a Corrupção estiver no gênero animal, mineral, vegetal..., seria difícil exterminá-la, uma vez que estaria localizada genericamente nos corpos, ou seja, na própria matéria corporal, tendo esta como característica geral em ser corruptível, como mais adiante explicarei. Em face disso, com a mesma coisa posso construir formas boas ou más. Já sofri desse mal quando comprei ferro para construção e deixei passar o tempo e ele enferrujou, ou seja, o material ferro se corrompeu de modo natural. Sabe-se que com o mesmo aço/ferro em que formato/fabrico uma panela para cozinhar alimentos, podemos forjar uma espada cruel, agora de modo artificial, ou seja, pela forma.
Assim, as coisas podem ser corruptíveis por natureza ou pela forma. Ou ainda, como direi adiante, estar localizada na parte ruim da alma.
O mesmo acontece no reino vegetal, pois existem plantas cujas substâncias e formas (as formas dos espinhos) são altamente corruptíveis, inclusive venenosas! Mas nos melhores vegetais notamos que isoladamente, ou seja, as frutas, as folhas, as raízes e até o caule, são  aprazíveis, porém, em regra a planta no seu todo (caule, raízes, folhas no conjunto) não se presta para uma boa digestão, pois umas até espinhos possuem, exemplo, um pé de laranjeira!
Nisso é prudente que estejamos cordatos!
Então, já provei que algumas coisas contidas nos três gêneros (animal, vegetal e mineral) são boas no todo ou em partes e outras ruins. E nesse ponto não preciso me alongar.
Alerto que até aqui falei mais da matéria/substância boa ou ruim.
Mas se a corrupção estiver na espécie também não há como aniquilar as partes corruptas, enquanto indivíduos como solução, uma vez que haverá a continuidade da espécie, reproduzindo novos corpos corruptos que tendem a se perpetuar. Melhor explico, no gênero animal a pessoa humana  seja boa ou má pode produzir outros descendentes, e se a corrupção faz parte da espécie humana, não haverá como detê-la, pela sua reprodução. Bem, isso eu já escrevi no texto “A Vontade, a Continuidade e a Indestrutibilidade.” E que sempre repito inadvertidamente como se fosse um dogma criado por mim, e não foi, mas pelos filósofos e pensadores. Portanto, a corrupção no corpo torna-se insuperável, mas então deve ser tratada como um mal localizado na alma.
Reforço ainda que também já falei sobre a Preguiça onde transcrevi os dilemas da alma, dizendo que Platão dividiu a alma do homem numa parte melhor e outra pior. Disse que muitos pensam em sempre ser “senhor de si”, porém podem se constituírem em “escravo de si.”
Mas esta expressão parece-me significar que na alma do homem há como que uma parte melhor e outra pior; quando a melhor por natureza domina a pior, chama-se isso “senhor de si”, o que é um elogio, sem dúvida; porém, quando devido a uma má educação ou companhia, a parte melhor, sendo menor, é dominada pela superabundância da pior, a tal expressão censura o fato como coisa vergonhosa, e chama ao homem que se encontra nessa situação escravo de si mesmo e libertino.”(Platão, pag 125).
Assim, a corrupção no corpo não pode ser combatida, mas enquanto na alma, para evitar a corrupção, tenho que exercitar a parte boa, tal como exercito meus músculos,  facilitando os movimentos e combatendo o sedentarismo. Ao exercitar a parte melhor da alma é que diminuo a parte ruim, onde se localiza o núcleo corruptível.
Portanto, não posso combater a matéria ou o Ser corrupto enquanto corpo ou composição, seja no gênero ou na espécie, pois ela pode se reproduzir e eternizar, sendo imperecível, senão afugentar ou ofuscar a parte ruim da alma.
Esse combate não cessa nunca, pois vai da tenra idade até na velhice, mas começa na família e na escola. É praticada no cotidiano através da ética e moral, na boa religião, nas práticas comunitárias e em inúmeros outros meios de exercitar o bem.
Concluo que estando a corrupção fixada no gênero, não há como extirpar nesta amplitude. Se estiver na espécie, ela se perpetuará no eterno nascer e perecer, pois eu mesmo, enquanto matéria/substância sensível, carrego uma parte pior por natureza!
Somente restará exercitar a parte melhor da alma do Ser, como advertiu Platão, para superar a superabundância da pior, procurando rotineiramente inculcar virtudes nas pessoas.

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Um comentário:

  1. Nesse tema minha preocupação foi em demonstrar onde se localiza a corrupção. E me auto-esclareceu, pois surpreendentemente eu mesmo devo cuidar para não me tornar também corrupto! Reforçou a tese da educação nacional formadora de cidadãos patriotas e solidários, cívico, moral e eticamente. Portanto, o padrão escolar deve tomar rumos imediatos, sob pena de a alma brasileira afundar.

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