terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Sobre a natureza

Quando os humanos são lançados à natureza “são o que são” estarão despidos de valores! (vide o texto: “tudo é valor e não valor”), pois, viverão segundo as regras da natureza, sem vacinas, roupas, energia, materiais industrializados, sem os favores das artes e da ciência simples ou complexa, certamente isolados. Ou será que terão tudo isso numa luta tendo como fundamento apenas o direito natural?! (*obs. o direito natural tem conotações, aqui falo no sentido das justificativas das teorias contratualistas).
A primeira contradição a ser posta está em que a natureza não necessita de mudanças. Melhor que ela tenha poucas mudanças para que o humano possa usufruir dela no mais elevado grau. A natureza que muda a todo instante passa ser viciosa. Cito Aristóteles quem dizia que o homem é um ser eminentemente social, e mais: “A mudança é aprazível em tudo em conseqüência de algum vício, pois da mesma forma que o homem vicioso se caracteriza pela mutabilidade, a natureza que necessita de mudança é viciosa por não ser simples nem boa.”.
Desse modo, o humano para usufruir da natureza não pode se portar tal qual a natureza, pois tem que exercitar apenas sua  mudança, para que possa dominar a natureza e não se tornar a própria natureza. Conservar a natureza é dominá-la (pelo entendimento, compreensão e reflexão) e ao mesmo tempo estar fora da natureza, afastando-se da mera apropriação danosa. Quem transporta e natureza dentro de si, vicia a natureza. Quem comercializa a natureza sem escrúpulos provoca mudanças indesejadas como desastres ambientais (exemplo: mudar o habitat de animais, transportar ou comercializar víveres que se reproduzem com ou sem predadores... devastando outros ambientes, sem critérios científicos).
No direito, aprendemos muito com as Teorias Contratualistas de Estado (Hobbes, Locke e Rousseau) que se reportaram em relação à fuga dos humanos dos instintos naturais (o homem é o lobo do próprio homem; ou, o homem natural é bom, mas que a sociedade o corrompe.).  Portanto, a fuga da natureza, ou melhor, a superação do estado natural humano sempre foi uma constante preocupação do direito enquanto instrumento no sentido de limitar ou indicar ações para que não interfiramos arbitrariamente no espaço natural e na boa conduta de nosso semelhante. Após o surgimento da sociedade “composta de muitas cabeças” e a inevitável divisão de bens em quantitativos e qualificativos, e o direito natural não suportou suprir e regrar essas necessidades. Assim, também a natureza não oferece mais um direito natural suficiente para estarmos inseridos inteiramente nela!
Portanto: 
- Preferimos a arte, seja no paisagismo do arquiteto que recria a natureza individual ou nos espaços coletivos, no quadro do pintor e ou escultor, pois em regra é a forma mais inteligente de interferirmos e estarmos na natureza pela imitação, mas uma arte que imite a natureza no mais alto grau sensorial!
- Preferimos não pensar em ser a própria natureza para poder conservá-la dentro da mínima mudança, dominando e usufruindo dela;
- Preferimos também não ser a própria natureza, pois posso por descuido me transformar em animal, uma vez que se estou bem alimentado não vou trabalhar, apenas durmo, me divertindo com coisas bizarras e sequer faço exercícios, dizendo que meu corpo é assim, pois esta é minha natureza sensorial. Nesse embalo, defendo meus similares que ensinam tal ideologia, esculpindo na mente um direito dito realismo, no entanto, insuficiente quando fundamentado apenas no direito natural. Por vezes esses defensores recorrem à força bruta e a barbárie!!! (Sem desprezo ao realismo, mas nem tanto a cegueira do idealismo).

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Um comentário:

  1. Aqui falo da “mudança” sendo nos humanos uma vantagem, mas na natureza muito próxima da desgraça. Como a alteração do ambiente, comercialização e tráfico de animais. Procuro criticar a confusão que muitos humanos e ideologias fazem tendo como matriz a natureza. Aponto as teorias contratualistas como justificativas da fuga da natureza e que a mesma não oferece diretamente bens suficientes para estarmos inseridos inteiramente nela! Arrolo algumas “preferências”.

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