Quando
os humanos são lançados à natureza “são o que são” estarão despidos de valores!
(vide o texto: “tudo é valor e não valor”), pois, viverão segundo as regras da
natureza, sem vacinas, roupas, energia, materiais industrializados, sem os
favores das artes e da ciência simples ou complexa, certamente isolados. Ou
será que terão tudo isso numa luta tendo como fundamento apenas o direito natural?!
(*obs. o direito natural tem conotações, aqui falo no sentido das
justificativas das teorias contratualistas).
A
primeira contradição a ser posta está em que a natureza não necessita de
mudanças. Melhor que ela tenha poucas mudanças para que o humano possa usufruir
dela no mais elevado grau. A natureza que muda a todo instante passa ser
viciosa. Cito Aristóteles quem
dizia que o homem é um ser eminentemente social, e mais: “A mudança é aprazível em tudo em conseqüência
de algum vício, pois da mesma forma que o homem vicioso se caracteriza pela
mutabilidade, a natureza que necessita de mudança é viciosa por não ser simples
nem boa.”.
Desse
modo, o humano para usufruir da natureza não pode se portar tal qual a
natureza, pois tem que exercitar apenas sua mudança, para que possa
dominar a natureza e não se tornar a própria natureza. Conservar a natureza é
dominá-la (pelo entendimento, compreensão e reflexão) e ao mesmo tempo estar fora da natureza, afastando-se da mera apropriação danosa.
Quem transporta e natureza dentro de si, vicia a natureza. Quem comercializa a
natureza sem escrúpulos provoca mudanças indesejadas como desastres ambientais (exemplo:
mudar o habitat de animais, transportar ou comercializar víveres que se
reproduzem com ou sem predadores... devastando outros ambientes, sem critérios
científicos).
No
direito, aprendemos muito com as Teorias Contratualistas de Estado (Hobbes, Locke e Rousseau) que se
reportaram em relação à fuga dos humanos dos instintos naturais (o homem é o lobo do próprio homem; ou, o homem
natural é bom, mas que a sociedade o corrompe.).
Portanto, a fuga da natureza, ou melhor,
a superação do estado natural humano sempre foi uma constante preocupação do direito
enquanto instrumento no sentido de limitar ou indicar ações para que não interfiramos
arbitrariamente no espaço natural e na boa conduta de nosso semelhante. Após o
surgimento da sociedade “composta de muitas cabeças” e a inevitável divisão de
bens em quantitativos e qualificativos, e o direito natural não suportou suprir e regrar essas necessidades. Assim, também a natureza não oferece mais um direito
natural suficiente para estarmos inseridos inteiramente nela!
Portanto:
-
Preferimos a arte, seja no paisagismo do arquiteto que recria a natureza individual ou nos espaços coletivos, no quadro do pintor e ou escultor, pois em regra é a forma mais inteligente de interferirmos e
estarmos na natureza pela imitação, mas uma arte que imite a natureza no mais
alto grau sensorial!
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Preferimos não pensar em ser a própria natureza para poder conservá-la dentro da
mínima mudança, dominando e usufruindo dela;
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Preferimos também não ser a própria natureza, pois posso por descuido me
transformar em animal, uma vez que se estou bem alimentado não vou trabalhar,
apenas durmo, me divertindo com coisas bizarras e sequer faço exercícios, dizendo
que meu corpo é assim, pois esta é minha natureza sensorial. Nesse embalo, defendo meus
similares que ensinam tal ideologia, esculpindo na mente um direito dito realismo, no entanto, insuficiente quando fundamentado apenas no direito natural. Por
vezes esses defensores recorrem à força bruta e a barbárie!!! (Sem desprezo ao realismo, mas nem tanto
a cegueira do idealismo).
Milton
Luiz Gazaniga de Oliveira
Aqui falo da “mudança” sendo nos humanos uma vantagem, mas na natureza muito próxima da desgraça. Como a alteração do ambiente, comercialização e tráfico de animais. Procuro criticar a confusão que muitos humanos e ideologias fazem tendo como matriz a natureza. Aponto as teorias contratualistas como justificativas da fuga da natureza e que a mesma não oferece diretamente bens suficientes para estarmos inseridos inteiramente nela! Arrolo algumas “preferências”.
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