terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Sobre a natureza

Quando os humanos são lançados à natureza “são o que são” estarão despidos de valores! (vide o texto: “tudo é valor e não valor”), pois, viverão segundo as regras da natureza, sem vacinas, roupas, energia, materiais industrializados, sem os favores das artes e da ciência simples ou complexa, certamente isolados. Ou será que terão tudo isso numa luta tendo como fundamento apenas o direito natural?! (*obs. o direito natural tem conotações, aqui falo no sentido das justificativas das teorias contratualistas).
A primeira contradição a ser posta está em que a natureza não necessita de mudanças. Melhor que ela tenha poucas mudanças para que o humano possa usufruir dela no mais elevado grau. A natureza que muda a todo instante passa ser viciosa. Cito Aristóteles quem dizia que o homem é um ser eminentemente social, e mais: “A mudança é aprazível em tudo em conseqüência de algum vício, pois da mesma forma que o homem vicioso se caracteriza pela mutabilidade, a natureza que necessita de mudança é viciosa por não ser simples nem boa.”.
Desse modo, o humano para usufruir da natureza não pode se portar tal qual a natureza, pois tem que exercitar apenas sua  mudança, para que possa dominar a natureza e não se tornar a própria natureza. Conservar a natureza é dominá-la (pelo entendimento, compreensão e reflexão) e ao mesmo tempo estar fora da natureza, afastando-se da mera apropriação danosa. Quem transporta e natureza dentro de si, vicia a natureza. Quem comercializa a natureza sem escrúpulos provoca mudanças indesejadas como desastres ambientais (exemplo: mudar o habitat de animais, transportar ou comercializar víveres que se reproduzem com ou sem predadores... devastando outros ambientes, sem critérios científicos).
No direito, aprendemos muito com as Teorias Contratualistas de Estado (Hobbes, Locke e Rousseau) que se reportaram em relação à fuga dos humanos dos instintos naturais (o homem é o lobo do próprio homem; ou, o homem natural é bom, mas que a sociedade o corrompe.).  Portanto, a fuga da natureza, ou melhor, a superação do estado natural humano sempre foi uma constante preocupação do direito enquanto instrumento no sentido de limitar ou indicar ações para que não interfiramos arbitrariamente no espaço natural e na boa conduta de nosso semelhante. Após o surgimento da sociedade “composta de muitas cabeças” e a inevitável divisão de bens em quantitativos e qualificativos, e o direito natural não suportou suprir e regrar essas necessidades. Assim, também a natureza não oferece mais um direito natural suficiente para estarmos inseridos inteiramente nela!
Portanto: 
- Preferimos a arte, seja no paisagismo do arquiteto que recria a natureza individual ou nos espaços coletivos, no quadro do pintor e ou escultor, pois em regra é a forma mais inteligente de interferirmos e estarmos na natureza pela imitação, mas uma arte que imite a natureza no mais alto grau sensorial!
- Preferimos não pensar em ser a própria natureza para poder conservá-la dentro da mínima mudança, dominando e usufruindo dela;
- Preferimos também não ser a própria natureza, pois posso por descuido me transformar em animal, uma vez que se estou bem alimentado não vou trabalhar, apenas durmo, me divertindo com coisas bizarras e sequer faço exercícios, dizendo que meu corpo é assim, pois esta é minha natureza sensorial. Nesse embalo, defendo meus similares que ensinam tal ideologia, esculpindo na mente um direito dito realismo, no entanto, insuficiente quando fundamentado apenas no direito natural. Por vezes esses defensores recorrem à força bruta e a barbárie!!! (Sem desprezo ao realismo, mas nem tanto a cegueira do idealismo).

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Sobre o destino!

Claro que é bom acreditar no destino. Confesso que tenho essa inclinação!!!
(Não adentrarei em qualquer discurso da ordem cósmica, fatalismo..., etc.)
Mas o destino como único cultivo não pode ser salutar. Quem acredita cegamente no destino entrega a ele todo a sua sorte, o que não é bom.
Como já opinei em textos anteriores, o humano difere dos animais, pois entre a potência e o ato possuímos muitas reservas, seja do entendimento, compreensão e razão antes de praticar a ação. Desses recursos os animais estão desprovidos, e estou certo de que Deus fez o homem superior aos animais. (para poupar os leitores, faço remissão aos textos anteriores – “a liberdade está entre a potência e ato” e outros textos...).
Os animais e insetos possuem um reduzido campo entre a "potencia e ato”, de modo que neles a potencia está muito próxima ao ato, pois se utilizam mais dos sentidos (faro, olfato, visão, paladar...), ou seja, em regra eles têm a simples potência, inclusive alguns inclinados ao pleno adestramento e outros parcialmente, uma vez que usam mais da potencia primária, os sentidos, que até o ato está concentrado mais na defesa, ataque e sobrevivência.
O humano tem reservas para estender suas atitudes desde a potência até o ato, tais como o sentido, entendimento, compreensão e a razão.
Mas o que isso tem a ver com o destino?!!
Bem, o destino dos animais é nitidamente fixado pela natureza ou pelo humano.
O destino do homem pode até estar ligado aos sentidos, porém tem a faculdade de ser alterado pelo entendimento, compreensão e razão.
Todo aquele que se guia apenas pelo destino, está se utilizando muito mais dos sentidos (incluindo a imaginação), do que pelos demais recursos (memória, entendimento, reflexão, compreensão e razão...)
Mas quem acredita cegamente no destino, acredita ostensiva ou veladamente no determinismo por natureza, ou seja, que vim a esse mundo com determinada missão, e que não posso alterar o curso da minha história. Mas a cigarra nasceu para cantar e alegrar o mundo e a formiga para carregar alimentos/folhas para formar estoque de comida durante o inverno e nada mais mudará esse curso da história..., e se o humano assim quiser, terá eles como exemplo!!!

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira (mera opinião!!!)

Sobre o Instinto!

Voltaire questiona:” Instinctus, impulsos, impulsion. Que potência nos impulsiona? Todo o sentimento é instintivo.” Ele entende ser “Certa combinação secreta entre nossos órgãos e os objetos origina nosso instinto”. “O Instinto nos move a fazer mil movimentos involuntários, do mesmo modo que por instinto somos curiosos, que procuramos a novidade, que a ameaça nos assusta, que o desprezo nos irrita, que o ar submisso nos apazigua, que o choro nos enternece.”
Então do mesmo modo como os gatos, cachorros e cabras, somos governados pelo instinto?!
E os animais são nossos irmãos!!! O Instinto é, portanto, uma semelhança incontestável! Contudo o instinto dos animais é mais eficiente, pois eles têm que se adaptar à natureza, enquanto nós humanos alteramos a natureza pela inteligência/ reflexão! E somente a nossa reflexão seria capaz de fazer a diferença!?
Mas eu até acho que os animais já começaram a refletir. Temos uma felina em casa que rotineiramente, para não desagradar qualquer um daqui do lar, ela dorme uma vez num quarto e noutros alternativamente, sem que isso lhe fosse ensinada.
Contudo, há uma diferença de instinto entre eu e eles, meu instinto por ouro e diamante é imenso. Imaginem o instinto aguçado dos corruptos! Não sei se esse instinto pelo ouro e pedras é modificado/mitigado pela razão ou pelo hábito herdado dos meus ancestrais! 
Acho que esse tema instinto vem sendo tratado por pensadores que se sucedem. Schopenhauer fala sobre a vontade que perpetua a espécie... Mas já falei sobre isso quando me referi no texto: A Vontade, a Continuidade e indestrutibilidade, disse: “A Vontade que é esse desejo de querer, não nego que muitas vezes no individual ela vem desprovida da consciência e até de razão, ou seja, irracional, mas de fato move a vida, sendo assim a essência da espécie, ou circunstância íntima de cada animal num instinto de conservação, em suma, uma energia desconhecida cientificamente, imperecível e de natureza simples. Bem, poderia me utilizar de Schopenhauer para saber sobre essa energia, porém o Mestre iria me dizer que a vontade de vida está na espécie, o impulso sexual à descendência, e que no individuo encontra-se apenas a consciência imediata, a fome, o temor da morte,...”
A ceia dos animais
Mas os animais evoluem sim e seguramente num futuro não muito distante terão melhores lugares. Já venho sentindo isso quando ouvi falar da ceia dos animais em que a onça convidou o corvo para comer em sua casa, mas serviu mingau na pedra plana. Já o corvo devolveu essa gentileza irônica em sua casa oferecendo o mingau numa tigela em forma de cone!
Então é o feitio do prato/comida enquanto substância/matéria/conteúdo; a forma do continente em que a matéria ou substancia é colocada; o focinho ou bico do animal faminto, como o seu corpo foi esculpido. Portanto, a partir daí o instinto encontra obstáculos, entre todos nós da natureza, uns mais outros menos, predominando a suposta inteligência para nós. Quando os animais dominarem a composição da matéria ainda que de modo bem simples e estabelecerem formas, certamente seremos iguais, pois temos instintos como eles, e serão inteiramente livres, porque serão capazes de exercer a potência da natureza desde a causa eficiente ao ato, utilizando/estabelecendo a forma para definir a coisa, como os humanos fazem.

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Sobre a “Desigualdade”

O verdadeiro mal não é a desigualdade: é a dependência. Pouco importa chamar-se tal homem Sua Alteza, Excelência, tal outro Sua Santidade. Duro, porém, é servir um ao outro. (Voltaire, p. 295).

Só na democracia transparente é que serviremos nós mesmos!

Já falei antes no texto Sobre a Sociedade, o Estado, o Povo, onde aduzi:
Portanto, a parte corrupta não explica o todo, e aquele que não puder atirar a primeira pedra porque pecou, tem sim o direito de ver a Composição/Estado, como a parte imaculada da sociedade.”
A falta de transparência gera a dependência e por sua vez a desigualdade. 
A Desigualdade pode ser combatida com a Transparência e lisura do Estado enquanto cláusula pétrea natural e fundamental.
*Entendo como pétrea e natural a cláusula implícita que não precisa constar escrita num papel, bem como e o direito natural que possuímos de banir a corrupção e corruptos e o governo da desigualdade independentemente de constar em texto constitucional.
 No que tange ao dilema desigualdade todos nós sentimos concretamente algum tipo de desigualdade. Até no lado estético. Se eu for feio por natureza nada posso exigir do governo para reparar esta desigualdade com o belo. No máximo procurarei um cirurgião plástico. 
De maneira ordinária, os fatos que causam conforto ou desconforto, e que podem ser evitados ou partilhados num ambiente comum dentro da sociedade e que por sua vez podem sofrer a correção ou melhoria através do Estado, têm grande parte da fundamentação apoiada na desigualdade, pois geram a dependência. A escola procura elevar a educação num padrão nacional e por sua vez mundial, evitando a desigualdade.
Mas quando eu contribuo por 39 anos pagando minha contribuição previdenciária sobre o total de minha remuneração e chego à almejada aposentação, no entanto, ficando na iminência de redução real do valor de minha paridade, pois sob a invenção de artimanhas e criação de penduricalhos, gratificações e verbas indenizatórias na carreira paradigma, logicamente, estou sofrendo a mais severa “desigualdade”. Mas não pára aqui, vemos que noutros fatores reais contidos na vida em sociedade, dentro do estado organizado, podemos observar exemplos de práticas de desigualdades, seja na saúde, educação, trabalho...

Então para mim começou a se estabelecer um Governo da desigualdade.” e eu não quero apoiar um governo da desigualdade. Quero que saia sim, preferencialmente pelo voto, mas pode também através de outros mecanismos constitucionais.

Critico alguns homens que permanecem no estado natural de que gozam os quadrúpedes, aves, repteis e os insetos, pois acho que vivem felizes e a dominação efetiva ou ideológica é quimera para eles, já que possuem leitos como os gansos e capros monteses. Então para essa espécie, para que servidores? Se não tem necessidades de nenhum serviço no seu habitat, já que apenas votam como hábito, pois a cada parte da década, retornam em bando, matilhas ou até enxames, ao habitat temporário para depositar o óbolo/voto na urna, salvando a espécie natural por mais tal período sem insurgência reflexiva, já que supostamente pertenço a classe de meus naturalmente iguais do mesmo alinhamento ideológico! Posso até ser repontado numa passeata espontaneamente ou pago com mínimas moedas, para impedir a saída e permanência do governante que eu votei, ainda que sob notória corrupção e desvios, pois somos rebanhos de corpos adestrados por ideologias, nada mais!
Não podemos mais aceitar que os limites objetivos e subjetivos dos cidadãos sejam ditados pelos comandantes, interesseiros, tecnocratas politiqueiros, por Ongs, sindicatos, minorias, maiorias, pagas, etc. Devemos sim exigir em nome da sociedade a igualdade da coisa pública. 
Dar um basta no regime em que o Estado vigia as pessoas e não o cidadão sobre o estado. Chega das nossas receitas/tributos serem recolhidas e escondidas, e os pagamentos de verbas serem camufladas em vantagens distribuídas, com desvios de finalidades de bens e serviços, bem como na cruel corrupção. Chega de pensar que a democracia é apenas o momento do voto. A democracia nunca se resumiu apenas no voto, mas sim está lastreada num governo do povo, pelo povo e para o povo. A democracia tem que possuir mecanismo de afastar os maus administradores e malfeitores, seja de qual for o poder, executivo, legislativo, judiciário, ministério público, advocacia pública, polícia, etc.,. Estabelecer o império da “transparência e lisura como cláusula pétrea fundamental, enquanto direito natural” na sustentação de uma verdadeira democracia e controle social. 


Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Sobre a “Imaginação”.

Saúdo os artistas: músicos, pintores, compositores, poetas, escritores..., que fazem o bom uso da imaginação ativa, compondo ou executando obras (áudio, visuais, instrumentos)...
Em três textos anteriores (I, II e III) falei sobre o pensamento: “Como pensa o Democrata? Difere do autocrata, teocrata, aristocrata, totalista/ditador…?. Ali procurei sem muito sucesso entender o pensamento e sua formação. Cheguei a uma pequena conclusão de que “O caminho natural do conhecer vai: do sentido, ao entendimento até a razão, esta enquanto abstração mais elevada, possuindo uma faculdade lógica e outra transcendental.”
No entanto, agora não pude fugir em saber sobre a imaginação, uma vez que nos últimos dias pude vivenciar bons sonhos. Logicamente, também tive alguns pesadelos, mas neste caso certamente tenha sido fruto da gula noturna!
Sem muito esforço consultei o dicionário filosófico de Voltaire o qual me aliviou de uma pesquisa mais esforçada.
Em suma a Imaginação “é o poder que tem todo o ser sensível para representar coisas sensíveis no seu cérebro, é dependente da memória.” (p. 298).
Portanto, percebemos as coisas pelos sentidos e a memória as retém e a imaginação as compõe. Dá para dizer que a imaginação é filha da memória.
Nos textos anteriores fiz a separação da razão e aqui também excluo a razão das três faculdades que possuímos, ou seja, a percepção, memória e imaginação. Poderíamos até dizer que elas são frutos da natureza e não nossa (da minha razão).
Voltaire crê que a imaginação seja a única faculdade que dispomos para compor idéias, mesmo as mais metafísicas, ou seja, um dom de Deus. Por exemplo, compomos as idéias gerais de verdade e mentira, as quais surgem de alguns fatos que sentimos e misturamos ou compomos na nossa imaginação. Então todos os sentidos (visão, tato, paladar, audição, olfato) contribuem para fornecer idéias à imaginação. 
Podemos dividir a imaginação em Ativa e Passiva. Nos humanos a imaginação ativa se torna capaz de coisas belas e até extraordinárias.

- Imaginação passiva.

Podemos dizer que possuímos uma imaginação passiva, que consiste em reter uma simples impressão dos objetos; Aqui me faz relembrar as audiências nos processos judiciais quando no interrogatório pedimos que a testemunha apenas se limite em relatar os fatos presenciados. Portanto, neste caso se faz o uso da imaginação passiva, ou seja, faz mais uso da memória e é comum nos homens e também aos animais. (por isso até o cão e o caçador podem sonhar com a cassada, aquele correndo atrás e este abatendo os cervos... Este (o caçador) grita e aquele (cão)  ladra nos sonhos, já que neste caso o sonho é uma imagem fiel captado da memória, mas distorcida). Claro, essa imagem passiva se compõe de maneira primária, sem o auxilio da reflexão, não se constituindo em uma ação do entendimento e sim um engano da memória. A imaginação passiva independe da ajuda de nossa vontade, seja no sono, seja na vigília. Nesse ponto fiquei bem aliviado quando tenho um sonho ruim agora sei que não decorreu da minha vontade, pois apenas pintamos a partir dos olhos o que já vimos, ou do tato, olfato, paladar... até de um filme que nem lembramos direito, acrescentando ou diminuindo algo, e então não sou mais senhor da imaginação (do sonho)! E agora para meu espanto estou surpreso do seu pequeno poder que a imaginação passiva possui (que pena para meus bons sonhos!).

Portanto, independentemente da reflexão essa faculdade passiva pode ser fonte das paixões e erros, quando nela acreditamos sem a reflexão!

- A imaginação Ativa

Esta é aquela que une a reflexão e a combinação à memória, compõe e modifica. Vejamos então que na imaginação ativa não paramos apenas na composição, mas a imaginação é modificada pela reflexão.
Portanto, cria e não apenas produz idéias, mas também modifica idéias. Mas o que me causa o bom espanto centra-se no fato de que a imaginação ativa parece também independente de nós tal como a passiva, pois nota-se que provém de um dom particular! Vem da natureza, uma imaginação inventiva nas artes, no ordenamento de um quadro, num poema! Então os que detêm a imaginação, servem-se da memória como instrumento com que fazem suas obras.
 Mas existe a segunda parte da imaginação ativa, ou seja, dos detalhes, mas não adentrarei profundamente. Sei que o vinho pode provocar essa imaginação, mas a embriaguez aniquila! Um pouco de licor pode impedir a feitura de um cálculo, pois mesmo ingerido em pequena quantidade afetará a parte lógica da razão, mas pode produzir idéias brilhantes para uns ou humilhantes para outros, pois também adentrará na parte transcendental dessa mesma razão!
Então resta quase confirmado que no discurso se emprega menos imaginação do que na poesia, uma vez que o discurso segue certas idéias conhecidas. O orador fala a língua de todo mundo já o poeta tem a ficção como essência da obra. Então para o poeta/escritor/artista/musico... a imaginação é a essência de sua arte e para o orador apenas um acessório.
 
A memória bem nutrida e exercitada é a fonte da imaginação, mas quando sobrecarregada faz com que a segunda pereça. Portanto, cuide bem de sua memória, não a enche com coisas inúteis ou espinhosas nem somente com negócios, pois pode deixá-la estéril. ... “porquanto a imaginação ativa precisa sempre de juízo, ao passo que a outra, a imaginação passiva, os sonhos, por exemplo, independe do juízo.” 
Milton Luiz Gazaniga de oliveira

- Dicionário Filosófico. Voltaire, texto integral. Martin Claret, 2008.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

“O processamento”. O cuidado com integralidade financeira da inatividade.

Aos meus Colegas de Carreira e demais Carreiras Jurídicas. Dois pontos pedem considerações.
Falo dos processos judiciais, as causas, e o respeito às leis em relação ao excessivo apego aos livros;
Alerto ainda sobre o cuidado financeiro com a carreira na jubilação/aposentadoria, enquanto decano tempo de paridade e integralidade de valores financeiros, que até então (2015) existiu enquanto fundamental reserva estatutária e constitucional atrativa para novos ingressos de dignos defensores da coisa pública, pois isso está em vossas mãos em lutar em manter por esse atrativo direito!
A palavra processamento pode ser entendida de modo amplo. Mas é isso mesmo que eu quero!
Uma causa judicial ou administrativa passa por um processamento”.
Por favor, meus Colegas, parem de ler doutrinas e jurisprudências e as montanhas de livros que os mercadores do direito produzem e reproduzem. Apenas vejam as leis vigentes e se utilizem da técnica que a universidade lhes entregou! Assim, o processamento dos feitos serão mais simples e rápidos!
Quando eu leio um texto, faço o processamento; quando me alimento, o mesmo ocorre. Quando fabrico um produto também faço um processamento. Mas quando passo o tempo todo lendo ou me alimentando, é evidente que no primeiro caso não penso; no segundo apenas engordo; no terceiro caso, quando apenas fabrico um produto, esqueço de pensar na venda.
Diz Schopenhauer em síntese que, “quando lemos outra pessoa pensa por nós” (pag. 127)! Isso porque a leitura faz com que apenas repetimos (pelos outros) o seu processo mental. Quando lemos em demasia dispensamos grande parte do trabalho de pensar. A leitura nos alivia, pois ela faz com que deixamos de nos ocupar com nossos pensamentos, e fazemos da nossa cabeça durante a leitura uma arena de pensamentos alheios.
Então, parem de serem imitadores banais, repetindo a doutrina e jurisprudência, mas repitam apenas os Códigos, não sendo arena ou palco aos outros atores do direito!
O que vos digo, pode lhes chocar! Deixem aos Deputados legisladores a arte de valorar e sintetizar o pensamento do povo na Lei e, por conseguinte, reproduzam as leis nas causas em processamento.
Vocês, como eu também fui, são como aqueles que passam o tempo todo cavalgando ou dentro do carro na cidade, mas com isso desaprendem a andar/caminhar.
Vejam, por acaso minha pequena biblioteca tem poucos livros, “olhei” um pouco mais de uma dúzia dos clássicos, o resto poderá permanecer até a petrificação para que os paleontólogos literários possam observar. Assim será os vossos processos, petrificados, se não atenderem o pensamento da Lei do povo.
Digo mais, tem coisa que não se faz ou se constrói somente nos livros, mas na família e na escola. Por exemplo, o ensinamento ético e moral. Na escola, em razão da república e seus laços, devem ser dispostos os melhores livros selecionados. Contudo, desde que na medida para que não haja a saturação do pensamento, nem exceda os objetivos da nação; Na família o respeito em tudo aquilo que pode ser compartilhado, com reflexos desde a tenra idade até o dia final. Salvo, é claro, se vossos pensamentos, forem do tipo Sartreano em ser apenas livre, tal como ele “a liberdade é absoluta ou não existe.” “vim do nada e me construí”.
Daí você será uma essência absoluta em si e desprezará a república e vossos pais, e não respeitarás o próximo, principalmente se ele estiver aposentado, pois nem precisará contribuir com o sistema previdenciário que resulta na solidariedade social, do qual não usarás! 
Quanto à Carreira.
Desprezará vossa carreira não lutando por uma aposentadoria realmente integral e paritária, para que possa atrair os melhores profissionais que pensam numa justa jubilação, enquanto principal forma de valorização do trabalho e atratividade no serviço público. Saibam os senhores que a AGU, que hoje (2015) integro no quadro de inativo, se não estou exagerando, era a única carreira jurídica que a aposentadoria de fato era integral e paritária, como um dos poucos atrativos que tínhamos. E agora, com penduricalhos e exclusões dos aposentados, como ficará, pois os nossos subsídios são os menores da república?!
Deixarão assim que o patrimônio público fique entregue nas mãos de agentes temporários que pensam na imediata satisfação pecuniária, recebendo graúdos penduricalhos, como verbas indenizatórias, ou pró-labores e/ou honorários faciendo/gratificações, advocacia privada, já que esses itens excluem seus Colegas já jubilados do trabalho. Depois serão angustiados como Xerxes: Contemplarás um exército de lutadores (na carreira), pensando que daqui a cem anos nenhum desses homens estará vivo e sentiria vontade de chorar, pois você também não terá futuro, senão lutar/trabalhar até a morte! Então, lutem para que os concursos sejam feitos pelas Universidades, ou fiscalizados dentro das disciplinas padrão, para que nenhum aventureiro adote sua tese como absoluta fora do âmbito disciplinar; Não tomem atitudes antirrepublicanas; lutem para que os códigos e leis sejam claros e com efetiva aplicação. Valorizem a carreira através do atrativo centenário da verdadeira aposentadoria integral. Caso contrário, façam o seguinte favor: sejam atores de causas nômades, sem essência coletiva (com a coisa pública jogada na rua) e fujam para o deserto! Bem, poderia dizer mais, mas seria prolixo. (pois iria falar do abuso hoje existente aos demais aposentados e dos Fundos falidos pela mão invisível dos corruptos, mas me faltariam dados e estaria emitindo meras opiniões, ainda que evidentes!) (redigido ainda em 2015).

Milton Luiz Gazaniga de oliveira

Cosmovisão Política

Basta!!! Queremos um Estado e Governo do povo, pelo povo e para o povo, que seja legível e visível, pois estamos de olho nas receitas, despesas e na qualidade dos bens e serviços prestados por todas as Entidades. Acabou o tempo dos nobres e do povo composto de bobos e tolos da Corte.
Em outros tempos para que a leitura acadêmica possuísse relevância, frente nós “nus e ignorantes”, teria que conter no mínimo o seguinte conteúdo, ou melhor, uma fórmula disciplinar preestabelecida:
“Somos resultado (subproduto) de duas cosmovisão-instrumento, em que partidos se orientam – idealismo e materialismo este se dizendo diádica (no sentido dialética).” No entanto, adotam uma visão meramente monádica (causa efeito, pela indução ou até mesmo a dedução, criando novos conceitos axiomáticos). Neles tendo lugares aos ditadores, déspotas esclarecidos e iluminados. Todavia, impera nesse modelo o equívoco da única verdade, um só princípio numa especie de monarquia da idolatria. A existência do reducionismo de apenas qualificar pessoas e funções com independência hierárquica. Cultuam cláusulas pétreas fixadas na constituição mesmo diante de riscos da nação/povo; Submetem-se a privilégios-reeleições; impera a monogamia da mulher e exclusividade; maioridade/menoridade temporalmente taxada, e incontáveis primazias.... Disso nasce uma “máquina-estado”, como cosmovisão-produto desse confronto (de cosmovisão direita e esquerda), funcionando através de engrenagem (de 2 rodas dentadas) em que para se movimentar necessita apenas de dois movimentos (idealismo e materialismo), um horário e outro anti-horário. Tal como acontece nas antigas moendas de cana. Assim, somos o subproduto da cosmovisão-produto, o caldo..., subproduto da máquina, mas não da cana, pois a máquina é mais importante do que a substância empregada (cana). Esquecem que nesse engenho poderia haver no mínimo a terceira ou mais engrenagem(diversidade de discursos e teses), fazendo uma máquina que pudesse ter movimento para frente e de remoinho... produzindo um caldo mais refinado, bem como produzindo o substrato (resíduos) para reutilizar em adubar a cana. Falta na cosmovisão política a junção de várias engrenagens(composições de discursos) para enfrentar questões como, por exemplo, da maioridade penal: Nem tão objetiva/taxativamente temporal (idade e limites inflexíveis), nem meramente substancial, esta enquanto baseado apenas no corpo do agente, tampouco apenas no psicológico, o indivíduo em si mesmo, sem o lado social da questão (a sociologia). Portanto, essa engrenagem é mais complexa, porém não impossível de se construir com base na autonomia e responsabilidade das pessoas e o seu impacto diante da sociedade. Certamente os dilemas trazidos pela cosmovisão produto, derivam dessa causa inicial lógica, isto é, de um discurso de cosmovisão preestabelecida que não mais serve e deve ser descartado.”
Bobagem, ideologias servem para nos enganar. Basta! Queremos um estado visível legível, pois estamos de olho nas receitas e despesas e na qualidade dos bens e serviços prestados. Acabou o tempo dos bobos e tolos da Corte. Doravante não vivemos apenas de discursos prontos, que se dizem falaciosamente como pluralistas, mas da diversidade de meios aos fins que selecionam, acolhem ou repelem critérios, havendo maior grau de confiabilidade das maneiras de pensar o mundo.

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira


(Referente: Marx. A Ideologia alemã, pag. 11-22.)